Significados atribuídos à paternidade por mulheres chefes de família de periferia urbana
Resumo
Diversas são as transformações pelas quais a família tem passado, o que tem implicado
também em mudanças no desempenho dos papéis parentais. Considerando que a maternidade
mantém muitos de seus pressupostos naturalizados, pode-se pensar que a paternidade é a que
mais tem se modificado no cenário familiar. Partindo deste pressuposto, a pesquisa da qual se
origina a presente dissertação teve como objetivo geral compreender os significados
atribuídos à paternidade por mulheres chefes de família de periferia urbana. Com este intuito,
realizou-se um estudo qualitativo de caráter exploratório com dez mulheres, mães, que
compunham uma família monoparental e que residiam em uma periferia urbana do interior do
Rio Grande do Sul. O número de participantes respeitou a definição do critério de saturação.
Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram a entrevista semiestruturada e o grupo
focal, tendo sido os dados analisados por meio da análise de conteúdo temática. Os resultados
da presente pesquisa são apresentados e discutidos nos três artigos que compõe esta
dissertação. Os resultados do primeiro artigo apontaram para a existência de concepções
tradicionais e contemporâneas no que tange à configuração familiar e ao papel que o pai
possui dentro da família. O segundo artigo, por sua vez, remeteu a uma reflexão a respeito da
importância da gestação fazer parte de um projeto compartilhado pelo casal, em especial por
se evidenciar que muitos relacionamentos terminam antes mesmo do nascimento da criança, o
que acaba contribuindo para que muitos pais tenham dificuldades em se posicionar
afetivamente frente a estes filhos. Os resultados do terceiro artigo apontaram para a existência
de uma série de atravessamentos que perpassam o relacionamento coparental após a separação
do casal. Ademais, foi possível perceber que o entendimento das participantes a respeito dos
papéis parentais parecem terem sido permeados pela crença de que a mãe é naturalmente a
mais bem preparada para cuidar dos filhos enquanto ao pai foi delegada uma função
periférica. A questão que apareceu com mais ênfase neste estudo foi a coexistência de
significados tradicionais e modernos no que diz respeito à paternidade. Ao mesmo tempo em
que as mães referiram que o pai é o alicerce da casa, o chefe da família, muitas delas
asseveraram seu desejo de que o ex-companheiro fosse mais atencioso e afetivo com os filhos,
evidenciando indícios do que se denomina de pai contemporâneo no discurso de mulheres
chefes de família de periferia urbana.