Quando o olhar é capturado: o fascínio dos adolescentes pela filmografia de horror
Fecha
2015-07-03Metadatos
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O presente estudo buscou compreender o grande interesse dos adolescentes pela filmografia de
horror na atualidade. Para tanto, a pesquisa desenvolveu-se através de uma abordagem qualitativa, de
caráter exploratório e utilizou o grupo focal como técnica para análise dos dados. Optou-se por realizar
o estudo com alunos de uma escola estadual do interior do estado do Rio Grande do Sul, a qual
promove um projeto que objetiva o desenvolvimento de oficinas sobre cinema com os alunos, sendo
que, uma das atividades deste grupo havia sido a produção de um filme, um curta de horror (gênero de
escolha dos alunos). A fim de selecionar os participantes, informou-se sobre os objetivos do estudo
aos adolescentes que faziam parte das oficinas e, na sequência, questionou-se sobre o interesse em
integrá-lo. Sendo assim, participaram 16 sujeitos, os quais compuseram três grupos focais. Os grupos
foram compostos por 5, 3 e 8 participantes. Com o intuito de determinar o número total de grupos,
considerou-se o critério de saturação, que diz que os grupos se esgotam quando não apresentam
novidades em termos de conteúdo, pois os depoimentos tornam-se repetitivos. Para a análise dos dados
obtidos na pesquisa, utilizou-se a técnica da análise de conteúdo. As categorias, oriundas da análise,
serão apresentadas em dois artigos, de forma que ambas convergem para pensar o grande interesse dos
adolescentes pelas imagens móveis de horror. O primeiro dos artigos, trabalha esta questão de forma
mais ampla, analisando as falas dos sujeitos para compreender as entrelinhas da íntima relação entre
adolescência e cinema de horror, apresentando e discutindo os momentos de início e de importância
dos encontros com a filmografia, bem como o seu sentido para os participantes. O segundo artigo,
centraliza-se na relevância e nas singularidades que compreende, particularmente, a imagem móvel de
horror para estes sujeitos. Os resultados apontam para o fato de que o fascínio despertado por essas
obras cinematográficas, realmente, ocupa um lugar privilegiado em suas vidas. Estar diante dessas
imagens, tal como a experiência do sonho, permite ao sujeito vivenciar um labirinto de espelhos,
possibilitando o encontro com o que há de mais verdadeiro, particular e obscuro de si mesmo. Além
disso, iniciado, ainda na infância, o encontro com as narrativas fílmicas de horror aparece relacionado
à ausência dos pais, a experiências de desamparo vividas em relação ao outro. Pôde-se evidenciar,
portanto, que o encontro com a ficção consistia na possibilidade de experenciar ativamente o horror
que, na vida real, era vivenciado de forma totalmente passiva, traumática. Não por acaso, a presença
fílmica do horror retorna com grande intensidade na adolescência, momento de suas vidas em que,
decorrente da irrupção de intensas mudanças pubertárias e de excessos pulsionais, vivenciam a
necessidade de relações de alteridade para fazer esta travessia. No entanto, novamente, se vêm
desamparados, buscando nas narrativas fílmicas de horror, a possibilidade de uma posição ativa, além
da produção de compartilhamento de experiências, de construção de laço simbólico.