Avaliação de mulheres privadas de liberdade: personalidade e maternidade
Resumo
Pesquisas no ambiente carcerário ainda são pouco recorrentes, principalmente aquelas relacionadas ao público feminino. Além de outras questões referentes ao aprisionamento feminino, a vivência da maternidade da mulher encarcerada é uma temática pouco estudada, especialmente quando aliada a aspectos da sua saúde mental e personalidade. Com isso, a presente pesquisa dividiu-se em dois estudos, sendo que o primeiro buscou investigar a relação entre sintomas depressivos e o afastamento dos filhos. Nesse estudo, participaram 28 mulheres apenadas, de três penitenciárias do Sul do Brasil, cumprindo a pena em regime fechado e que já eram mães ao ingressarem no presídio. Foi utilizado um questionário elaborado pela pesquisadora e a Escala Beck de Depressão (BDI). Foram excluídas da amostra mulheres com transtornos psicóticos e psicopatia, sendo que, para isso, foi utilizado o Structured Clinical Interview for DSM Disorders (SCID) e a Escala Hare (PCL-R). Como principais resultados, o estudo encontrou correlação entre os sintomas depressivos das mulheres, avaliados pela Escala Beck de Depressão (BDI), e seus sentimentos em relação ao afastamento da família, em especial, dos filhos, relatados por meio do questionário. Esses resultados vão ao encontro de outras pesquisas realizadas sobre a mesma temática, relatando que as mulheres privadas de liberdade têm maiores chances de apresentar problemas de saúde mental, sobretudo as que são mães. Já o segundo estudo teve como objetivo investigar a correlação entre duas escalas, sendo elas o PCL-R e a IM-P. A amostra desse estudo foi composta por 30 mulheres apenadas, das mesmas três penitenciárias do estudo 1, cumprindo pena em regime fechado. Não foram contabilizadas, para amostra, mulheres que possuíam transtornos psicóticos, sendo esses avaliados por meio do Structured Clinical Interview for DSM Disorders (SCID). A fim de atingir o objetivo proposto, foi aplicada a Escala Hare (PCL-R) para avaliar aspectos da personalidade, incluindo a psicopatia, e a Medida Interpessoal de Psicopatia (IM-P), que avalia comportamentos e interações interpessoais da entrevistada. Os resultados indicaram uma correlação estatisticamente significativa entre o PCL-R e a IM-P, principalmente no que diz respeito ao Fator 1 do PCL-R, corroborando achados de outros estudos realizados, indicando que a IM-P funciona como uma medida auxiliar para o diagnóstico de psicopatia, principalmente no que diz respeito à avaliação dos comportamentos interpessoais.