Deslocamentos das práticas de organização escolar e seus efeitos na educação de surdos
Resumo
Neste trabalho procuro compreender a emergência de deslocamentos nas práticas de organização escolar, centradas na operação da normalização disciplinar para as práticas centradas nas ações de normalização biopolítica, e seus efeitos na escolarização de sujeitos surdos. A materialidade utilizada para a análise foi constituída por diferentes registros de práticas escolares, desde livros diários, relatórios e planos curriculares datados desde 1963. Para analisar essa materialidade, partiu-se do pressuposto de que todo discurso produz práticas, sujeitos e verdades, e que esses discursos resultam de acontecimentos que lhes dão condições de possibilitar sua emergência. Dessa forma, analiso as produções discursivas presentes nestes documentos para compreender os deslocamentos das formas de organização escolar e seus efeitos na educação dos sujeitos surdos nos dois momentos. Foi possível perceber que de uma ação centrada na normalização/correção e na produção de sujeitos surdos capazes de desenvolver a audição e a fala, passamos na contemporaneidade a produzir ações de normalização desse sujeito através da criação de condições de naturalização de sua presença no espaço escolar. Essas condições passam principalmente pela oficialização da língua de sinais e da previsão legal da figura do intérprete na sala de aula. Tal deslocamento possui como matriz de racionalidade a governamentalidade neoliberal, a partir da implementação de estratégias biopolíticas postas em operação para a promoção da segurança da população.
Coleções
- Gestão Educacional [289]
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