(Des)cortesia, argumentação e enunciação: o ethos como efeito persuasivo na materialidade linguística de produções textuais de estudantes do ensino médio
Resumo
Neste estudo, examinamos uma amostra de 35 produções textuais de alunos de uma escola de Ensino Médio da rede pública estadual de Santa Maria, Rio Grande do Sul, com o objetivo de verificar como e quais ethe são esboçados nessas argumentações, a partir de conceitos pertencentes à Teoria da (Des)Cortesia, à Argumentação Retórica e à Linguística da Enunciação. Para isso, precedemos à identificação, descrição, análise e interpretação de mecanismos linguísticos referentes aos principais intensificadores e atenuadores de pontos de vista que podem ser utilizados para construir e preservar as imagens positiva e negativa do locutor, conforme prevê a Teoria da (Des)Cortesia e, a partir desses indícios de vertente pragmática, delineamos o(s) esboço(s) de ethos(ethe) discursivo(s) dos enunciadores, vertente enunciativa. Adotamos como critérios metodológicos o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) e a pesquisa de campo (FRANCO, 1985), ambos de base qualitativa e, apoiados no ponto de vista metodológico da pesquisa de campo, elaboramos oficinas nessa instituição escolar, a fim de, conjuntamente com os alunos, trabalharmos seu potencial argumentativo. A hipótese por nós sustentada foi de que, em todas as produções, haveria exemplos de uso persuasivo dos mecanismos de atenuação e/ou intensificação. Após a análise das produções textuais, conseguimos delinear duas imagens discursivas recorrentes nos textos dos locutores, ambas de tendência predominantemente descortês. Devido à sobreposição dos recursos linguísticos que aproximam o interlocutor das circunstancias da enunciação e pelo emprego de expressões inapropriadas sobre os mecanismos atenuadores, denominamos este primeiro ethos como indelicado. O segundo ethos, pelo fato de apresentar argumentos que contrariam a tese defendida, classificamos como politicamente correto. No que se refere ao embasamento teórico para esta investigação, centramo-nos, principalmente, nos estudos sobre (Des)Cortesia, conforme preveem Brown e Levinson (1987) e Rodríguez (2010); sobre a noção de imagem, segundo entende Goffman (1959 e 1967), e de ethos, como propõe Amossy (2005), Aristóteles (1999) e Maingueneau (1996), e sobre Enunciação, de acordo com Benveniste (1966, 1974), Fiorin (2010) e Flores (2008 e 2013).
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