A dissolução da paisagem: imagem, espaço e tempo na vídeo-instalação
Resumo
A presente investigação em Poéticas Visuais, na linha de pesquisa em Arte e Tecnologia, pelo PPGART/UFSM, traz como objeto a realização de vídeo-instalações, tendo a paisagem como tema. A paisagem emblematiza as questões centrais da pesquisa: os conceitos de imagem, tempo e espaço na vídeo-instalação. Nesse contexto, a paisagem é discutida pelas ideias de Anne Cauquelin e analisada desde a pintura romântica em Gaspar David Friedrich, passando pela sua dissolução visual em William Turner, na contemporaneidade. A partir daí, traz Mark Rothko e Barnett Newman como referências para pensar a passagem para o espaço, a cor como sensação ambiental. Com o auxílio dos conceitos de espaço, tempo, intensidade e duração em Henri Bergson, também vistos pela ótica de Gilles Deleuze, a imagem é problematizada em sua transição da representação para a experiência no espaço da arte contemporânea, desdobrando as demais questões da pesquisa: espaço, linguagem e tecnologia. A cor é pensada como sensação em Dan Flavin e James Turrell. A metalinguagem e o uso da tecnologia são abordadas a partir dos trabalhos de Nam June Paik, Ryoji Ikeda e Dough Aitken, em seus diferentes interesses e perspectivas poéticas, pontuados pelas ideias de Vilém Flusser, Arlindo Machado, André Parente e Jean-Luc Nany. O conceito de deriva, tal como empregado pelos artistas de terra norte-americanos dos anos 60 e 70, surge como parte do método de trabalho, ligando a exploração da paisagem natural à instauração da paisagem artificial na galeria, tendo a estética e os procedimentos do minimalismo como módulos de concepção do espaço e do tempo instalados. A paisagem que resulta como instalação, desta maneira, se propõe como experiência, uma vez fundada em estímulos, vestígios, sugestões e sensações colhidas na paisagem natural, então deslocadas e redefinidas pelo vídeo e pela tecnologia de pós-produção, em conceito ampliado de imagem. Divida em três ciclos, a pesquisa apresenta em cada um o processo de instauração de uma das obras produzidas nessa pesquisa poética, desdobradas em seus conceitos centrais discutidos a partir de experimentos menores. No primeiro ambiente, resultado da série "Dissolução", a paisagem é sintetizada em projeções de cor e sons incidentais na instauração de um espaço-tempo expandido. Em "Vídeo-cascata" as partes de uma cachoeira são instaladas em diferentes graus de intensidade, pondo em xeque noções dicotômicas de natural e artificial, a partir das ideias de Jean-Luc Nancy. Já em "Luminescências" a própria paisagem é despojada em prol de uma noção ampliada, e abstrata, de espaço instalativo, análogo aos processos da mente, empregando colagens poéticas, sonoras e visuais. Em suma, e em todas as obras, o objetivo comum de propiciar ambientes de temporalidade expandida, convidando o público à uma experiência sutil, de interiorização e contemplação de si.
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