O “sertão” Quarta Colônia: travessias pelas subjetivações do sujeito ítalo-brasileiro
Resumo
Esta tese intitulada O “sertão” Quarta Colônia: travessias pelas subjetivações do sujeito ítalo-brasileiro inscreve-se no campo dos estudos discursivos, mais precisamente, da Análise de Discurso francesa desenvolvida no Brasil a qual comporta além do discurso, a língua, a história e o sujeito. Neste estudo, analisamos as construções imaginárias do sujeito ítalo-brasileiro da Quarta Colônia de Imigração do estado do Rio Grande do Sul, interrogando-nos como funcionam as discursividades produzidas neste espaço no que concerne às construções imaginárias. Nesse contexto, nós consideramos o espaço de imigração e o território que o sujeito passa a ocupar, assim como o sujeito em relação à língua, e o sujeito na/pela língua. Para tanto, percorremos distintas condições sócio-históricas: desde os primeiros anos da imigração no sul do Brasil, no final do século XIX, até a atualidade, passando pelos anos 1930, quando a política linguística empreendida durante o Estado Novo (1937-1945) interdita as línguas dos imigrantes. Assim, analisamos como esse sujeito se constitui em relação ao Estado no que diz respeito aos processos que implicam sua territorialização, urbanização e discursivização. Nós recolhemos diferentes materialidades discursivas a fim de abarcar o processo discursivo e a construção de um imaginário. Nosso arquivo comporta discursos escritos (livros de memória), em imagens (monumentos) e em vozes (arquivos de entrevistas), de onde selecionamos recortes discursivos e os estudamos em suas especificidades. Nossas análises demonstraram que o discurso do sujeito ítalo-brasileiro apresenta um movimento entre o construir/possuir e desconstruir certos imaginários. Esse aspecto evoca um “desentendimento” ao modo de Rancière ([1995] 1996), no tocante à relação entre o território (as utopias mudam), o sujeito (a unidade imaginária passa a se desconstruir) e a língua (a busca por um espaço revela uma tensão entre estar e não estar na.s língua.s). Não obstante, o Estado empreende uma política de reparação e de busca de consenso que se efetiva na realidade em um “efeito de”. Ao término de nossas análises, sustentamos que o sujeito ítalo-brasileiro está fortemente constituído em sua subjetividade no entre-lugar: quer em relação à língua, quer em relação ao território, quer em relação a si mesmo.
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