Avaliação do efeito do guaraná (Paullinia cupana) nas disfunções oculares associadas à idade: um estudo translacional
Resumo
O envelhecimento humano está associado ao risco de desenvolvimento de doenças
degenerativas. Entre as doenças que acometem os idosos, destaca-se as que comprometem a
visão, a mais severa é a degeneração macular relacionada a idade (DMRI) que leva a perda
visual irreversível e não possui um tratamento eficaz. A DMRI, assim como outras
morbidades crônicas está associada a alterações no metabolismo celular, com destaque ao
estresse oxidativo. Evidências sugerem que a dieta teria um papel relevante no controle do
estresse oxidativo, e deste modo estudos sobre o impacto de vegetais, em especial frutos sobre
a saúde visual, são relevantes. Investigações prévias realizadas em idosos ribeirinhos de
Maués, Amazonas, sugeriram que o consumo habitual de alguns frutos, em especial o guaraná
(Paullinia cupana) estaria associado a uma menor prevalência de fatores de riscos a doenças
cardiovasculares. Entretanto, nenhum estudo prévio investigou o impacto do guaraná na
visão. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar in vivo, a associação entre a
qualidade da visão auto relatada e a ingestão diária de guaraná em idosos ribeirinhos e, in
vitro, os efeitos da guaraná (Paullinia cupana) na linhagem celular do epitélio pigmentar da
retina (EPR) expostas ao Paraquat. As células do EPR, linhagem comercial ARPE-19 (ATCC
ATCC® CRL-2302™), foram expostas ao guaraná por 48h é ao Paraquat por mais 6 h, e
também ao Paraquat 6h mais guaraná 48h. Resultados: 630 idosos foram incluídos no estudo,
sendo 291 (46,2%) homens e 344 (53,8) mulheres, com idade média de 72,3.
Aproximadamente metade dos idosos auto relatou ter uma visão ruim 320 (50,8%), 234
(37,1%) auto relataram ter visão regular, e apenas 76 (12,1%) auto relataram ter uma boa
visão. Os indivíduos que referiram boa visão apresentaram maior frequência de consumo
habitual de guaraná (Paullinia cupana) (> 3 vezes/semana). A partir dos resultados in vitro foi
possível observar que o tratamento com guaraná foi capaz de reverter a citotoxicidade causada
pelo Paraquat, que aumenta os níveis do ânion superóxido, desencadeando estresse oxidativo.
Esta ação protetora levou a diminuição dos eventos de apoptose e necrose, ocorrendo
modulação diferencial da expressão gênica e dos níveis das proteínas das caspases 1, 3 e 8. O
conjunto dos resultados sugere que o guaraná teria ação benéfica na saúde visual dos idosos.
Dessa forma, este trabalho fornece novas perspectivas sobre o potencial uso guaraná na
proteção doenças oculares devido aos seus efeitos citoprotectores.
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