Comportamento de duas espécies florestais arbóreas cultivadas in vitro e in vivo em função do cobre
Resumo
A contaminação dos solos por cobre pode alterar o desenvolvimento fisiológico e o estabelecimento de plantas. A utilização de espécies florestais tolerantes e extratoras de cobre para revegetação de solos contaminados tem se mostrado uma alternativa de recuperação, por meio do método de fitorremediação. Nesse sentido, as espécies florestais, em decorrência de sua maior produção de biomassa, são capazes de imobilizar e exportar para fora de qualquer sistema, maiores quantidades de elementos tóxicos presentes no solo. No presente trabalho, o objetivo consistiu em estudar o comportamento de duas espécies florestais arbóreas cultivadas in vitro e in vivo em condições de excesso de cobre. Foram realizados estudos com as espécies canafístula (Peltophorum dubium) e ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus), um deles conduzidos em sala de crescimento em laboratório de cultura de tecidos, e o segundo, em casa de vegetação, em condições controladas.No estudo 1 foi possível obter elevadas médias gerais de sobrevivência e estabelecimento in vitro nas concentrações de cobre testadas.As espécies demonstraram tolerância até a concentração 16 mg L-1, sendo a dose de 8 mg L-1 a que proporcionou um melhor desempenho para as espécies; a dose tóxica foi a de 64 mg L-1. Para canafístula, em todas as doses a sobrevivência foi adequada até os 60 dias, porém, aos 90 dias foi observada uma alta mortalidade dos explantesa 64 mg L-1. Já o ipê-amarelo demonstrou baixa sobrevivência a 64 mg L-1 já aos 30 dias, indicando ser uma espécie menos tolerante ao cobre. Nos tratamentos em que ocorreram baixa sobrevivência também foram constatados menores número de folhas e formação de raízes. No estudo 2, em função das concentrações de cobre, o ipê-amarelo apresentou redução apenas no diâmetro do colo, enquanto que,em canafístula,foi na altura.De uma maneira geral, nos estudos de cultivo in vitrorealizados, as espécies demonstram se beneficiar pelo aumento na concentração de cobre até 8 ou 16 mg L-1, de maneira diferenciada em função do período de cultivo. Igualmente, as culturas in vitro das duas espécies demonstram tolerância ao cobre, mas foram prejudicadas pelo aumento para 64 mgL-1de CuSO4,que é excessivo. Nos estudos de cultivo em casa de vegetação, apenas as variáveis de crescimento diâmetro do colo, em ipê-amarelo, e altura de planta, em canafístula são significativamente afetadas pela adição de cobre aos teores nativos do metal no solo. Os resultados obtidos têm potencialidade para contribuir, simultaneamente, para a otimização dos protocolos de micropropagação e para o desenvolvimento de metodologias eficientes de fitorremediação e fitoextração de áreas degradadas inseridas nos biomas Mata Atlântica e Pampa, reduzindo os impactos ambientais da contaminação por cobre.
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