Política e racionalidade no processo decisório de alocação de recursos: o caso da Universidade Federal de Santa Maria
Resumo
O tema do estudo é a política e a racionalidade no processo decisório de alocação de recursos financeiros. O objetivo principal foi identificar a influência destes fatores nos atos praticados pelos gestores, diante de um cenário de escassez financeira vivenciado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) durante o exercício financeiro de 2015. A relevância do presente estudo está na medida em que se propõe ponderar sobre os procedimentos de alocação de recursos na UFSM em razão dos fatores intervenientes nesse processo e que visa atender as necessidades da sociedade. A unidade de análise definida para a pesquisa foi a Pró-Reitoria de Administração e as unidades sob a sua coordenação. Para isso, optou-se pelo estudo de caso em que o processo decisório foi analisado sob diferentes ângulos, tendo como referência teórica os modelos racional, organizacional e político. Para o estudo, o modelo racional e o modelo organizacional foram tratados, simultaneamente, como racionalidade para efeito de sua delimitação, reduzindo-se as análises à perspectiva racional e política da tomada de decisão. Os procedimentos metodológicos empregados foram de natureza exploratória, com abordagem qualitativa e os dados coletados foram obtidos de diferentes fontes de evidência, valendo-se de documentos, observações e entrevistas semiestruturadas com gestores que atuaram nas decisões de alocação de recursos. O conteúdo das entrevistas foi analisado utilizando-se a análise de conteúdo do tipo categorial temática, com base nas categorias analíticas propostas inicialmente. Os resultados obtidos revelaram a complexidade do processo decisório estudado e as análises evidenciaram que fatores de racionalidade e fatores políticos influenciaram, concomitantemente, a tomada de decisão de alocação de recursos financeiros. Os fatores teóricos de racionalidade identificados como influenciadores no processo decisório estudado foram: escolha racional, racionalidade burocrática, racionalidade limitada e estrutura e processos organizacionais. Dentre estes fatores, a escolha racional mostrou-se de forma menos clara que os demais fatores. Os fatores políticos identificados foram: negociação, poder, conflito, coalizão, interesses e influência externa. O caráter racional do processo decisório de alocação de recursos mostrou-se presente, tanto na distribuição quanto na formalização dos processos administrativos típicos das organizações burocráticas. A dimensão política evidenciou-se na fase que compreendeu a decisão de alocação dos recursos, propriamente dita, pois esta se deu em meio a um complexo processo social em que aspectos racionais se inter-relacionaram com componentes políticos originários da multiplicidade de interesses e de abordagens, por parte dos gestores envolvidos.
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