Propensão ao vínculo com a organização: desenvolvimento do conceito, proposta de instrumentos e análise do seu impacto sobre os vínculos construídos após o ingresso do indivíduo na organização
Abstract
Embora a pesquisa sobre o Comprometimento Organizacional ainda seja fortemente dominada pelo modelo tridimensional de Meyer e Allen (1991), a agenda atual concebe novos construtos, com o objetivo de cessar a redundância e a sobreposição conceitual, bem como delimitar as atitudes comportamentais características dos múltiplos comprometimentos, os quais passaram a figurar como vínculos distintos. A despeito de tal evolução, até o momento pouco se sabe sobre a propensão do indivíduo a desenvolver determinado vínculo. Existem, especificamente, algumas poucas reflexões teóricas sobre a propensão ao comprometimento e uma primeira tentativa de medida, a qual foi alvo de críticas. Para além do comprometimento, a tendência do indivíduo a se entrincheirar e a consentir ainda não recebeu nenhum insight teórico, muito menos tentativas empíricas de avaliação. Como estamos diante de uma novidade para a área, qualquer iniciativa no sentido de se pensar em que medida trabalhadores apresentariam uma propensão a desenvolver o vínculo de comprometimento, entrincheiramento e/ou consentimento com a organização é fundamental, uma vez que o vínculo real não pode existir antes da entrada do indivíduo na organização e, portanto, não pode ser medido anteriormente ao seu ingresso nesta. Inserida nessa preocupação, esta tese é composta por um estudo teórico e quatro estudos empíricos. No primeiro artigo, de cunho teórico, buscou-se apresentar os fundamentos e conceituar a propensão aos diferentes vínculos, propondo um framework cujo processo de desenvolvimento dos vínculos se inicia antes mesmo do ingresso do trabalhador na organização. Na sequência, os três outros artigos, com caráter eminentemente empírico, apresentam três novas escalas: a Escala de Propensão ao Comprometimento Organizacional (EPCO), a Escala de Propensão ao Entrincheiramento Organizacional (EPENT) e a Escala de Propensão ao Consentimento Organizacional (EPCON). Todas as medidas desenvolvidas demonstraram bons índices de ajuste e parâmetros psicométricos adequados. Por fim, o último artigo testou o poder preditivo dessas escalas sobre a vinculação futura. Para tanto, foi realizado um estudo longitudinal composto por duas coletas de dados: uma, antes do ingresso do indivíduo no ambiente de trabalho, e, outra, nove meses após o início em seu novo emprego. Os resultados demonstram que os trabalhadores, ao entrarem na organização, já possuem uma tendência a desenvolver determinado vínculo, a qual é determinante da vinculação futura. Os resultados encontrados na presente tese são inéditos, sendo que, à medida que as pesquisas na área avancem, ter-se-á mais evidências sobre a propensão e suas implicações para o desempenho no trabalho, com consequências para o próprio indivíduo e para a organização. Conhecer antecipadamente tal tendência poderá direcionar a empresa a contratar os indivíduos mais predispostos a desenvolver o vínculo preconizado por ela. Também orientará a gestão de pessoas para ações que minimizem o potencial negativo de determinados vínculos e garantam um maior apego e proatividade desde os primeiros dias de trabalho. Por se tratar de conceitos novos, há que se empreender muito trabalho conceitual e empírico. Estratégias metodológicas aqui empregadas poderão ser retomadas e incrementadas, contribuindo para maiores avanços teóricos e aplicações práticas do framework proposto, aperfeiçoamento das escalas e verificação do efeito das características pessoais e experiências prévias sobre a Propensão ao Comprometimento, Entrincheiramento e Consentimento Organizacionais.
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