Avaliação toxicológica do efluente de uma indústria de beneficiamento de batatas utilizando Cyprinus carpio como bioindicador
Resumo
Ao serem lançados em corpos hídricos, os efluentes da indústria de beneficiamento de batatas podem originar graves danos à biota aquática causando, inclusive, morte de peixes por intoxicação. Os peixes têm sido amplamente utilizados em estudos ecotoxicológicos ao longo dos anos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a possível toxicidade do efluente da indústria de beneficiamento de batatas através da determinação de biomarcadores bioquímicos utilizando peixes como bioindicadores de contaminação aquática. Foram utilizadas 60 carpas (Cyprinus carpio) para avaliar os danos oxidativos causados pelo efluente da indústria de beneficiamento de batatas, bem como no sistema de defesa antioxidante destes peixes. O efluente foi coletado em um tanque de sedimentação de uma das indústrias de beneficiamento de batatas do tipo inglesa (Solanum tuberosum) no município de Silveira Martins-RS. Foram realizadas análises físico-químicas e das concentrações de agrotóxicos no efluente e também uma análise crítica a respeito da legislação existente. Os peixes foram expostos ao efluente bruto e a coleta foi realizada após 7, 14 e 28 dias. Foram utilizados cérebro, brânquias, fígado e músculo para as análises bioquímicas. As análises realizadas foram atividade das enzimas Acetilcolinesterase, Catalase e Superóxido Dismutase, além da determinação dos níveis de Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico (TBARS). Foram encontrados 7 princípios ativos de agrotóxicos no efluente e as análises físico-químicas acusaram que a turbidez e os sólidos suspensos estão em desacordo com a legislação existente. Os níveis de TBARS aumentaram no fígado dos peixes após 7 e 14 dias, nas brânquias os níveis aumentaram após 7 dias. A atividade da AChE não foi alterada em cérebro, porém no músculo após 7, 14 e 28 dias esta sofreu aumento. A atividade da SOD não apresentou alteração no fígado em nenhum dos tempos testados. A atividade da CAT nas brânquias aumentou após 7 e 14 dias, enquanto que não foram observadas alterações em fígado. Os resultados sugerem que o efluente pode causar estresse oxidativo, afetando os parâmetros bioquímicos e enzimáticos nas carpas e que as análises de resíduos de agrotóxicos deveriam ser uma exigência do órgão legislador, pois somente com as análises exigidas até então, não se pode mensurar todas as substâncias que estão sendo lançadas nos corpos hídricos.
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