Plantas de cobertura do solo e videiras: toxidez, fitorremediação e mecanismos de tolerância ao excesso de cobre
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2018-06-28Metadatos
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A aplicação de fungicidas cúpricos para o manejo das doenças foliares nas videiras (Vitis vinífera) aumenta os teores de cobre (Cu) nos solos de vinhedos, fato já diagnosticado em diversas partes do Mundo com tradição na produção de uvas. No entanto, o problema de contaminação dos solos com Cu é mais expressivo nas regiões que possuem solos ácidos e apresentam elevados índices pluviométricos, combinado com temperaturas elevadas durante o ciclo de produção, a exemplo da região Sul do Brasil, o que aumenta a severidade das doenças e consequentemente a utilização do controle químico. O acúmulo de Cu no solo pode atingir níveis tóxicos às videiras e plantas de cobertura do solo que coabitam os vinhedos, com maior intensidade em regiões que possuem solos arenosos e com baixo teor de matéria orgânica, como os encontrados na região da Campanha Gaúcha no Rio Grande do Sul (RS). Estas características dos solos conferem baixa capacidade de sorção ao Cu, promovendo incrementos nos teores de Cu em formas disponíveis, o que potencializa o risco de fitotoxidez. A expansão da viticultura na região da Campanha Gaúcha ocorreu sobre áreas de pastagem nativa do Bioma Pampa. Com isso, as espécies nativas deste Bioma coabitam espontaneamente os vinhedos desta região e são manejadas como plantas de cobertura de solo, através de roçadas. No período de inverno são comumente introduzidas espécies hibernais, como aveia preta (Avena strigosa) e azevém perene (Lolium perene) nas entrelinhas das videiras. Estas plantas podem exsudar substâncias quelantes que reduzem a bidisponibilidade do Cu e consequentemente, a toxidez às videiras. O trabalho objetivou avaliar os efeitos do excesso de Cu sobre o crescimento, estado nutricional e morfologia radicular em videiras jovens e plantas de cobertura de solo, os mecanismos de tolerância por elas desencadeados em resposta ao excesso do metal e o potencial de utilização das plantas de cobertura na fitorremediação dos solos de vinhedos contaminados com Cu. Cinco estudos em condições controladas foram realizados, utilizando amostras de Argissolo Vermelho, coletado em uma pastagem nativa da região da Campanha Gaúcha, para a realização dos estudos II, III, IV e V. O estudo I foi realizado em solução nutritiva. Após a correção do pH e adição de macronutrientes no solo, foram criados três níveis de contaminação de Cu, através da adição de 0, 40 e 80 mg Cu kg-1. No estudo I os níveis de Cu foram 0,2; 5; 25 e 50 μM Cu L-1. Em todos os estudos foram avaliados parâmetros de crescimento das plantas. Nos estudos I, II, III, e IV foram avaliados também parâmetros nutricionais e morfologia do sistema radicular, sendo também determinados os ácidos orgânicos de baixo peso molecular no estudo I. No estudo V foi determinadas as trocas gasosas das videiras e a taxa de crescimento. Níveis elevados de Cu reduziram o crescimento das videiras jovens e plantas de cobertura do solo, tanto das nativas do Bioma Pampa como as introduzidas. A absorção excessiva de Cu reduziu a eficiência da fotossíntese e desencadeou alterações morfológicas no sistema radicular, reduzindo o volume de solo explorado, contribuindo para os desequilíbrios nutricionais observados. As plantas cultivadas em condições de toxidez pelo Cu expressaram mecanismos de tolerância ao excesso do metal, que consistiram no aumento do pH e da exsudação de ligantes orgânicos, elevando a complexação do Cu+2 na solução do solo. O cultivo consorciado de espécies nativas favoreceu o crescimento das videiras jovens, em baixos e moderados níveis de contaminação por Cu. As plantas nativas do Bioma Pampa apresentam grande potencial de utilização na fitorremediação dos solos de vinhedos contaminado com Cu, devido a sua ocorrência espontânia e adaptação as condições locais.
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