Dos primeiros escritos sobre administração escolar no Brasil aos escritos sobre gestão escolar: mudanças e continuidades
Resumo
Frente às mudanças que se instauram no âmbito educacional, faz-se necessário
refletir sobre o campo em que se dão tais inovações a fim de compreender e atuar
nestes espaços de forma consciente. Neste sentido, esta pesquisa problematiza o
campo em que se situa a institucionalização da “Gestão Democrática do Ensino
Público”, assegurada como princípio da educação pública em 1988, através da
Constituição Federal. Esta normativa introduz um novo tipo de organização escolar,
não mais calcado nos pressupostos da Administração, evocados como hierárquicos
e burocratizados, mas, sim, nos princípios da Gestão, entendidos como mais
democráticos. Diante disso, apresenta-se a proposição de retomar a constituição
teórica do campo em que se assenta esta normativa, a fim de identificar e
compreender as concepções teóricas pioneiras que edificam as bases da
administração escolar no Brasil; situar o contexto em que se constrói a crítica ao
modelo de administração escolar e se gesta os princípios da gestão escolar; e
identificar os elementos que convergem à institucionalização da gestão escolar
democrática, demarcando as mudanças e continuidades em relação às primeiras
elaborações deste campo. Para tanto, apoiou-se na abordagem qualitativa,
utilizando como procedimento a pesquisa bibliográfica, apresentando, assim, a
interpretação de uma realidade materializada em escritos bibliográficos. Dentre as
relações estabelecidas entre as bases teóricas da administração e gestão escolar
pode-se identificar o paradoxo entre as forças sociais e econômicas, apontando que
este campo continua a se assentar na divisão do trabalho baseado na organização
capitalista da sociedade. Ao mesmo tempo, apresenta-se a possibilidade de
mudanças, na medida em que os espaços de participação conquistados na gestão
democrática podem oferecer alternativas de construção de um espaço público
democrático.
Coleções
- Gestão Educacional [292]