Cotidiano e práticas de resistência - um estudo etnográfico com trabalhadoras domésticas militantes
Resumo
O presente trabalho apresenta uma pesquisa etnográfica multisituada realizada com
trabalhadoras domésticas militantes da cidade de Pelotas – RS, contemporaneamente. Esta
investigação antropológica visa compreender o desenvolvimento de práticas de resistência no
cotidiano de trabalhadoras domésticas sindicalistas, para além das atividades institucionais do
sindicato. A etnografia foi realizada, principalmente, com quatro interlocutoras trabalhadoras
domésticas militantes, a saber: Ernestina, Terezinha, Leda e Cláudia. O universo da pesquisa é
composto por fotografias e depoimentos da produção conjunta das fotobiografias das quatro
militantes e pelo ambiente interno do sindicato, onde, através da observação participante,
acompanhei atendimentos, reuniões e confraternizações. As fotobiografias revelaram as
histórias de vida das militantes, como também a luta das trabalhadoras domésticas durante
décadas. A partir disso, com as fotografias e depoimentos que fizeram trabalhar as memórias
dessas mulheres, a história do movimento sindical das trabalhadoras domésticas no Brasil foi
contada, ressaltando, principalmente, as ligações e influências da Igreja Católica, do
Movimento Negro e das ONGs feministas. A observação participante, com o convívio
prolongado com as sindicalistas nos atendimentos e reuniões do cotidiano do sindicato, fez
transparecer a existência do trabalho de cuidado ligado às burocracias, bem como a
comunicação e os aprendizados relacionados aos usos de materiais gráficos, além das relações
de sociabilidade dinamizadas entre a família e o sindicato. Em suma, a dissertação busca
compreender o desenvolvimento das práticas de resistência a partir das histórias de vida e da
história do movimento das trabalhadoras domésticas até as peculiaridades do ambiente interno
de burocracias e sociabilidades do sindicato de Pelotas. Com isso, compreendeu-se que existe
uma rede de sociabilidade e militância que norteia as principais práticas do sindicato, não sendo
estas restringidas aos parceiros consolidados historicamente. Assim, as burocracias do
sindicato, as relações de sociabilidade, o lazer e a família, juntamente com os parceiros
históricos, de uma forma indissociável dinamizam as práticas de resistência cotidianas.
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