Acervo de fotógrafos como patrimônio cultural: organização dos documentos de Luiz Germano Gieseler no Museu Antropológico Diretor Pestana
Resumo
Como informação registrada num suporte, a fotografia constitui-se um documento e sua
condição arquivística relaciona-se a sua gênese no exercício de funções e atividades de pessoas
físicas e ou jurídicas. Nos arquivos pessoais, considera-se expressivo o volume de fotografias,
incluindo conjuntos como espólio ou herança, que podem permanecer guardados por muitos
anos após o falecimento do produtor. Há pessoas que entregam documentos provenientes de
antepassados aos parentes interessados ou às instituições de custódia. No segundo caso, buscase
preservar a história familiar e contribuir com a memória coletiva, embora, a ação decorrente
da vontade familiar impacta na integridade de um conjunto documental de natureza arquivística,
o condicionando à dispersão ou fragmentação. Salienta-se também, que o âmbito de atuação da
entidade que preserva documentação histórica influencia a forma como acervos fotográficos
são adquiridos, organizados e representados para a pesquisa. Diante desse contexto, encontramse
as fotografias de Luiz Germano Gieseler (1870-1954), sob a custódia do Museu
Antropológico Diretor Pestana (MADP) em Ijuí, no Rio Grande do Sul, instituição mantida pela
Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul (FIDENE). O estudo aborda o valor histórico e documental da fotografia enquanto
patrimônio cultural, com o intuito de evidenciar a importância de seu contexto de produção,
manutenção e custódia, como método que busca a confiabilidade na difusão. Propõe-se uma
metodologia de organização conforme a identificação da natureza da documentação, objeto de
pesquisa, e sua descrição, a partir da visão arquivística. Instrumentos de pesquisa com acesso à
internet foram elaborados como produto final da investigação, incluindo Guia, Inventário e
Catálogo (parcial), através da plataforma web AtoM. Permitiu-se a relação entre a identificação
da natureza de um acervo fotográfico e a definição da organização e representação, concluindose
que o conjunto de pessoa física constituído apenas por fotografias, desconectado dos demais
gêneros documentais e sem possibilidade de reconstituição da ordem original, não possui
característica arquivística. Porém, considera-se como arquivístico o conjunto fotográfico
identificado como proveniente de fotógrafo ressalvando que ainda recuperado seu contexto, não
pode caracterizar-se como “fundo”, por não se constituir a totalidade de um arquivo pessoal.
Em decorrência de ações sofridas na manutenção do acervo fotográfico, a identificação das
séries documentais que estruturam o arranjo pode ser comprometida, além de exigir a
representação do fundo conceitual, seu histórico de custódia e outras circunstâncias. Por fim, a
análise arquivística pela tipologia e diplomática mostra-se metodologia viável de organização
da massa documental acumulada, como subsídio de decodificação da fotografia, em que a
aplicação do gênero fotográfico ou suas especialidades demonstra uma alternativa pertinente,
pois viabiliza a condição funcional, não apenas temática, do documento.
Coleções
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