“Tem que conversar, senão não vende, né?”: a inserção de imigrantes senegaleses no comércio de rua de Santa Maria (RS)
Resumo
Este trabalho tem por temática a migração internacional, delimitando como seu foco de estudo a prática da venda de rua por imigrantes senegaleses em Santa Maria. Privilegiando as interações sociais cotidianas nas quais se envolve esse grupo na cidade e tendo em vista as táticas que emprega para assegurar sua posição frente aos demais atores que ocupam o mesmo espaço comercial, a presente pesquisa procura fornecer uma resposta à seguinte questão: de que forma os migrantes senegaleses têm se inserido no comércio de rua da cidade de Santa Maria (RS)? O objetivo geral é compreender como os imigrantes senegaleses manejaram, durante o período em que a investigação empírica foi realizada (entre agosto de 2016 e dezembro de 2017), seu ingresso num espaço de relações sociais estabelecidas. Os objetivos específicos constituem de: (i) contextualizar a emigração senegalesa, a venda de rua consolidada na cidade e esta pesquisa, (ii) descrever as técnicas de venda utilizadas pelos senegaleses na venda de rua em Santa Maria, e (iii) descrever as táticas de posicionamento político desses indivíduos no espaço do comércio de rua da cidade. Para a persecução dessas tarefas, utiliza-se da perspectiva do “fazer etnográfico”. Possibilita-se assim que o pesquisador tenha contato com os pontos de vista tanto dos próprios senegaleses sobre sua atividade laboral quanto dos atores que transitam em diferentes níveis pelo mesmo ambiente. Os dados empíricos resultam, então, da observação das técnicas utilizadas nas situações de venda pelos senegaleses, das regularidades de seu contato com os clientes e dos deslocamentos que empregam no dia a dia, bem como da participação informal nessas circunstâncias de negociação e em conversas com indivíduos conhecidos pelos imigrantes em cada ponto de venda utilizado. Além disso, utilizou-se de entrevistas semiestruturadas como meio secundário de investigação empírica. O texto está dividido em três capítulos principais, para além de introdução e considerações finais. O primeiro capítulo, intitulado “Das Relações Internacionais à Antropologia: contexto, trajetória e perspectivas de uma etnografia da venda de rua senegalesa em Santa Maria (RS)”, trata de debater em suas três seções as características espaço-temporais da própria pesquisa, os caminhos trilhados pelo pesquisador até a chegada ao objeto de pesquisa e à etnografia, e o percurso realizado no processo de consolidação do trabalho de campo. O segundo capítulo, chamado “‘E daí, mano!’: técnicas e posicionamentos de um saber vender”, está dividido em duas seções que focalizam no aprendizado senegalês da prática da venda na cidade, analisando respectivamente quais lógicas de performance corporal e de sociabilidades limitadas aos momentos de venda permeiam a relação senegaleses-clientes. O terceiro capítulo, intitulado “Ser, estar e poder nas calçadas da venda”, também está dividido em duas seções, focadas nos conhecimentos e deslocamentos empreendidos nos/entre pontos de venda, bem como no modo de justificação do ofício e nas sociabilidades vividas fora dos momentos de negociação comercial em cada trecho de calçada que ocupam.
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