Contribuições no diagnóstico e no tratamento cirúrgico de cães com doença do disco intervertebral cervical
Resumo
Para detecção de compressão na medula espinhal de cães com doença do disco intervertebral
(DDIV) cervical faz-se necessário a utilização de exame de imagem como a mielografia.
Entretanto, neste segmento, pouco se sabe sobre a importância e a necessidade da realização de
diferentes projeções mielográficas, as quais já estão bem estabelecidas para a região
toracolombar. Além disso, quando identificadas compressões lateralizadas neste exame, é
recomendado a descompressão cirúrgica pela técnica de hemilaminectomia. Todavia, não
foram encontrados trabalhos demostrando a ineficácia da técnica de fenda ventral nesses casos.
Sendo assim, os objetivos desse estudo foram verificar em quais projeções foi possível
identificar compressão da medula espinhal em cães com DDIV cervical, determinar um
sequenciamento destas projeções a ser realizado no exame mielográfico desta região e avaliar
se a fenda por acesso ventral promoveu a recuperação clínica de cães que apresentavam
compressões lateralizadas na medula espinhal cervical ocasionada por DDIV. Para o primeiro
trabalho, foram avaliadas quatro projeções mielográficas (lateral, ventrodorsal e oblíquas
esquerda e direita) de 41 pacientes diagnosticados com DDIV cervical. Em 40 pacientes
(97,5%) foi possível identificar compressão da medula espinhal na projeção lateral, em 22
(53,6%) nas oblíquas e em 11 (26,8%) na ventrodorsal (p<0,0001). Foi observada compressão
lateralizada em 22 (53,6%) pacientes, no qual 100% (n=22) foram detectadas pelas projeções
oblíquas e 50% (n=11) pela ventrodorsal. Em 10 (24,4%) cães, foi observado mais que um local
de compressão, sendo que as projeções ventrodorsal e as oblíquas auxiliaram na definição do
local de compressão em 50% e 70%, respectivamente. No segundo estudo, foram selecionados
20 cães com diferentes graus de disfunção neurológica, com diagnóstico definitivo de DDIV e
com compressões lateralizadas da medula espinhal submetidos à descompressão cirúrgica pela
fenda ventral. A recuperação clínica pós-operatória foi avaliada nos pacientes com no mínimo
dois meses do pós-operatório. Houve recuperação satisfatória em 19 cães (95%) e insatisfatória
em um (5%), demonstrando melhora clínica significativa quando utilizada esta técnica
(p<0,05). Pode-se concluir que todas as projeções mielográficas estudadas permitem identificar
compressão na medula espinhal em cães com DDIV cervical, sendo a incidência lateral a que
mais revelou, seguida das oblíquas e ventrodorsal, estabelecendo assim uma proposta de
sequenciamento das projeções mielográficas a serem realizadas para esta região; e que a técnica
cirúrgica descompressiva pela fenda ventral promove recuperação clínica satisfatória de cães
com compressões lateralizadas da medula espinhal ocasionadas pela DDIV tipo I e II.
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