Humor e ódio biopolítico: a circulação dos vídeos do personagem Bolsonabo pela página de Bolsonaro no Facebook
Resumo
Este trabalho objetiva analisar como se dá a circulação de sentidos acerca do ódio biopolítico a partir de postagens de humor feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro em sua página no Facebook durante o ano de 2017. As publicações remetem ao quadro Mitadas do Bolsonabo, do programa Pânico na Band, no qual o humorista Márvio Lúcio (Carioca) ia às ruas caracterizado de forma semelhante a Bolsonaro e respondia às perguntas dos espectadores. Partimos dos conceitos de midiatização, circulação (BRAGA, 2006, 2012; FAUSTO NETO, 2008, 2010), humor (BERGSON, 2018; GRUDA, 2013), biopolítica (FOUCAULT, 1988, 1999; PELBART, 2009; AGAMBEN, 2002) e discurso (FOUCAULT, 2014; ORLANDI, 2005) para demonstrar como o humor pode carregar marcas de um ódio de caráter biopolítico contra determinados grupos sociais. A metodologia empregada é a Análise do Discurso (FOUCAULT, 2014; ORLANDI, 2005): em um primeiro momento, analisamos o conteúdo dos vídeos compartilhados pelo presidente eleito, e, em um segundo, os comentários dos usuários a respeito deles. Observamos que, nos vídeos, a grande maioria das piadas é relacionada a mulheres, gays, aparência física ou atuação dos espectadores. Já nos comentários, percebemos que o ódio é destinado predominantemente à esquerda política – ora tratada como uma “entidade”, ora personificada em políticos e, por fim, personificada em usuários específicos.
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