Efeito do haloperidol ou risperidona sobre parâmetros comportamentais, inflamatórios e dopaminérgicos em cérebro de ratos
Resumo
A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica que atinge cerca de 1% da população mundial e seu tratamento
farmacológico consiste na utilização de antipsicóticos. O haloperidol, um antipsicótico de primeira geração (APG)
atua principalmente através do bloqueio dos receptores de dopamina D2, enquanto a risperidona, um antipsicótico
de segunda geração (ASG), atua também através do antagonismo dos receptores de serotonina 5-HT2A. Dentre os
efeitos colaterais relacionados ao uso desses fármacos estão os distúrbios motores, os quais estão mais relacionados
ao uso de APG. A discinesia tardia (DT), uma alteração motora associada ao tratamento crônico com
antipsicóticos, é caracterizada por movimentos involuntários, principalmente da região orofacial e sua
fisiopatologia ainda não está bem elucidada. Este trabalho objetivou avaliar as alterações comportamentais,
inflamatórias e dopaminérgicas em ratos tratados com haloperidol (1,0 mg/kg/dia) ou risperidona (2 mg/kg/dia)
durante 28 dias. Houve um aumento significativo no número de movimentos de mascar no vazio (MMV) nos ratos
tratados com haloperidol, mas não risperidona, além de uma redução na atividade locomotora e exploratória.
Ambos os antipsicóticos aumentaram os níveis de citocinas pró-inflamatórias (interleucina-1β [IL-1β],
interleucina-6 [IL-6], fator de necrose tumoral-α [TNF-α] e interferon- γ [IFN-γ]) e diminuíram a citocina antiinflamatória
(interleucina-10 [IL-10]) no estriado. As análises de correlação mostraram uma relação significativa
e positiva entre o aumento do número de MMV e os níveis de IL-1β e INF-γ. Os marcadores oxidativos e
antioxidantes (níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico [TBARS], catalase e tióis proteico e não
proteico) não mostraram qualquer alteração significativa no córtex de ratos tratados com ambos os antipsicóticos.
A atividade da enzima monoaminoxidase (MAO-A e MAO-B) no córtex cerebral, para haloperidol e risperidona,
manteve-se aos níveis do grupo controle e a imunorreatividade da enzima tirosina hidroxilase (TH) e do
transportador de dopamina (TDA) não apresentou diferença significativa quando avaliada também no córtex de
animais tratados com ambos os antipsicóticos. Analisando em conjunto, os resultados sugerem que elevados níveis
de marcadores inflamatórios podem estar ligados ao desenvolvimento da DT. No entanto, esses resultados devem
ser analisados com cautela, uma vez o grupo tratado com risperidona também apresentou alteração dos níveis de
citocinas. Além disso, sugerem que o tratamento com haloperidol ou risperidona não altera os parâmetros
dopaminérgicos nem acarreta dano oxidativo ao córtex cerebral, podendo essa estrutura cerebral não estar
relacionada ao desenvolvimento dessa desordem motora.
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