Aspectos fisiológicos e imunológicos de Pythium insidiosum e atividade de antimicrobianos frente a Conidiobolus lamprauges
Resumo
A conidiobolomicose e a pitiose são infecções importantes que acometem animais e humanos e que
apresentam dificuldades tanto no diagnóstico quanto no tratamento. A conidiobolomicose é causada pelos fungos
Conidiobolus coronatus, C. incongruus e C. lamprauges, afetando ovinos, equinos, caninos e humanos, já a pitiose
é causada pelo oomiceto Pythium insidiosum e atinge mamíferos selvagens e domésticos, principalmente equinos,
e humanos. Não existe uma abordagem farmacológica padrão para o tratamento dessas infecções e em ambos os
casos a rescisão cirúrgica é uma abordagem muitas vezes necessária. Neste contexto, esta tese objetivou (a)
determinar a suscetibilidade in vitro de C. lamprauges frente a diferentes fármacos antimicrobianos, bem como
identificar possíveis associações sinérgicas; (b) padronizar o uso da técnica de disco difusão utilizando a
minociclina como um método de screening para a identificação presuntiva de P. insidiosum; (c) quantificar, extrair
e avaliar o potencial imunomodulador das β-glucanas de P. insidiosum in vitro em cultivo de linfócitos e in vivo
em camundongos; (d) desenvolver um modelo experimental de pitiose em camundongos e avaliar a resposta
imunológica à infecção. Como resultados obtivemos: i) na avaliação da suscetibilidade in vitro de C. lamprauges
isolados de infecções em ovinos, observou-se uma suscetibilidade reduzida a maioria dos fármacos testados, sendo
a terbinafina o fármaco com melhor atividade (CIM < 0,06-0,5 μg/mL). As maiores taxas de sinergismo foram
observadas com a associação de sulfametoxazol com trimetoprima (100%) e entre terbinafina com fármacos
antifúngicos azólicos (71%); ii) a padronização do uso da técnica de disco difusão com discos de minociclina como
um método de screening para a identificação presuntiva de P. insidiosum mostrou-se eficaz, pois não houve
crescimento miceliano de P. insidiosum em torno do disco de minociclina durante os sete dias de incubação,
diferenciando-o assim de C. lamprauges e outros fungos verdadeiros; iii) o conteúdo de β-glucanas de P.
insidiosum avaliado enzimaticamente foi de 23,09% ± 3,71 de glucanas totais, divididas em α-glucanas (4,10% ±
0,83) e β-glucanas (18,99% ± 3,59); iv) a extração de β-glucanas de P. insidiosum produziu um extrato contendo
82% de β-glucanas e 18% de aminoácidos e peptídeos residuais e a análise estrutural mostrou tratar-se de uma
(1,3)(1,6)- β-glucana; v) esta (1,3)(1,6)- β-glucana demonstrou potencial para estimular o sistema imune in vitro
observado pelo aumento na proliferação de linfócitos de equinos, humanos e camundongos e de induzir resposta
do tipo Th17 quando administrada aos camundongos; vi) o uso de camundongos BALB/c imunossuprimidos com
a associação de ciclofosfamida e hidrocortisona mostrou ser um modelo experimental eficaz para o estudo da
pitiose, com mortalidade de 60% dos animais infectados; vii) a produção de citocina observada durante o
desenvolvimento da pitiose experimental em camundongos caracterizou-se pela expressão de IL6, IL-10 e TNF-
α, indicando uma resposta inflamatória e uma possível supressão da resposta imune do hospedeiro como
responsável pelo estabelecimento da infecção.
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