Influência da sazonalidade e fatores de risco associados ao desenvolvimento motor de lactentes nascidos a termo no município de Santa Maria – RS
Resumo
O desenvolvimento motor adequado está relacionado a uma série de fatores ligados ao meio em que a criança vive. A partir dessa premissa, a temática do presente estudo baseia-se na possível interferência da variação sazonal, à que a população infantil da cidade de Santa Maria, está exposta ao longo de um ano sobre o desenvolvimento motor no primeiro ano de vida. Objetivo: Investigar a influência da sazonalidade sobre o desenvolvimento motor de lactentes hígidos e nascidos a termo, aos 7 meses e 10 meses de idade e fatores de risco associados, tanto ao ambiente quanto ao binômio mãe-lactente. Metodologia: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFSM) sob nº 1487549. Foram incluídos neste estudo lactentes a termo nascidos em meses alvo, os quais terão vivenciado os marcos de desenvolvimento referentes ao 2º e 3º trimestres no verão ou no inverno. A coleta dos dados foi feita por meio de análise de prontuários, de entrevista com os cuidadores e aplicação da Alberta Infant Motor Scale, por examinador experiente e cego aos objetivos do estudo, para posterior cálculo de escore. Este resultado possibilitou a classificação da criança em grupo de risco para o desenvolvimento motor (escore ≤ P25) e grupo fora de risco (escore > P25). Resultados: Foram avaliadas 174 crianças, sendo 97(55,75%) com sete meses e 77(44,25%) com 10 meses. Os grupos pós-verão e pós-inverno, foram homogêneos na caracterização da amostra. Não houve diferença estatisticamente significante a nível de desenvolvimento motor global embora tenham realmente vivenciado períodos térmicos bem distintos (24,75±2,58°C no verão e 13,96±4,18°C no inverno; p=0,000). O tempo de aquisição do engatinhar foi maior (p=0,004) no grupo pós-inverno aos 10 meses. Quando classificados em virtude do risco para atraso no desenvolvimento motor, observou-se, aos sete meses maior prevalência de planejamento da gravidez (p=0,015), maior tempo de aleitamento materno exclusivo (p=0,004) e tempo total de amamentação (p=0,012) no grupo sem risco, conferindo vantagem a este grupo aos sete meses tanto na análise de prevalência quanto no modelo de regressão multivariada, onde também se destacou uma vantagem para ter sido amamentado a qualquer tempo (p=0,053). Aos 10 meses, o grupo com risco tinha menor idade gestacional ao nascer (p=0,040), as mães eram mais velhas (p=0,020), tinham maior número de filhos por mulher (p=0,002), maior prevalência no recebimento de benefício socioeconômico (p=0,002) e as crianças passavam a maior parte do tempo, quando acordadas, em locais limitados (p=0,000) e as variáveis inerentes ao número de filhos, benefício socioeconômico e local de permanência do lactente, permaneceram após regressão multivariada. Conclusão: No presente estudo, o clima frio não se mostrou um determinante isolado para atraso no desenvolvimento motor. Porém, considerando a multifatorialidade desta alteração, o frio pode representar uma limitação adjuvante, quando associada a outras causas, para os lactentes que vivenciam aquisições de marcos motores nessa época do ano.
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