Nanocápsulas de poli(ɛ-caprolactona) contendo vimpocetina: desenvolvimento e avaliação da atividade anticonvulsivante
Resumo
A epilepsia é uma doença caracterizada por crises convulsivas, oriundas de uma descarga elétrica neuronal excessiva, que acomete 50 milhões de pessoas no mundo inteiro. A vimpocetina, derivada do alcaloide vincamina, é um neuroprotetor que possui atividade antioxidante, sendo utilizada no tratamento de doenças neurodegenerativas. Pesquisas têm demostrado também um importante efeito antiepilético. No entanto, este fármaco apresenta baixa solubilidade e curta meia-vida, limitando sua aplicação no campo farmacêutico. Dessa forma, nanocápsulas, as quais também são muito pesquisadas para a liberação cerebral de fármacos, tornam-se alternativas para veicular esta substância ativa. Neste trabalho, foram desenvolvidas suspensões de nanocápsulas de poli(ɛ-caprolactona) (PCL) pelo método de deposição interfacial de polímero pré-formado, contendo triglicerídeos de cadeia média (NC-TCM-VP) ou óleo de abacate (NC-ABA-VP) como núcleo, para veicular vimpocetina (0,5 mg/mL), a fim de avaliar as características físico-químicas, o perfil de liberação, a atividade antioxidante in vitro e atividade anticonvulsivante in vivo do fármaco associado às nanoestruturas. As suspensões de nanocápsulas apresentaram tamanho de 200 a 211 nm (Zetasizer®), PdI de 0,12 a 0,13, potencial zeta negativo, pH entre 6,78 a 6,83, teor próximo a 95% e eficiência de encapsulamento de, aproximadamente, 98%. Nos parâmetros avaliados, o tipo de óleo utilizado influenciou a viscosidade das formulações (viscosímetro capilar) e a distribuição de tamanho de partículas (Mastersizer®). Microscopia de força atômica das formulações demonstrou a presença de partículas coloidais de formato próximo a esferas. Ambos os sistemas desenvolvidos foram capazes de controlar a liberação da vimpocetina, em comparação ao fármaco livre, pela técnica de difusão em sacos de diálise, utilizando tampão fosfato pH 7,4: etanol (70:30). As suspensões preparadas com TCM apresentaram melhor estabilidade, bem como distribuição de tamanho mais homogênea, em comparação às de óleo de abacate, sendo, então, selecionadas para dar seguimento aos estudos. As formulações NC-TCM-VP apresentaram atividade antioxidante in vitro superior ao fármaco livre, pelo método TBARS, assim como as suspensões sem o fármaco. No estudo in vivo, utilizando modelo animal de convulsão induzida por pentilenotetrazol (PTZ), doses de vimpocetina de 5 mg/Kg ou 10 mg/Kg foram avaliadas, e os tratamentos foram realizados 30 minutos ou 4 h antes da administração de PTZ. Os resultados demostraram que as suspensões NC-TCM-VP foram capazes de melhorar o efeito anticonvulsivante do fármaco livre ou em relação ao veículo/nanocápsulas sem fármaco, em alguns parâmetros avaliados, principalmente no menor tempo (30 minutos). Diante dos resultados obtidos, as suspensões de nanocápsulas são sistemas aquosos promissores para a liberação cerebral da vimpocetina, fármaco altamente lipofílico, podendo constituir uma alternativa futura para o tratamento da epilepsia, o qual ainda não é usado clinicamente para este fim.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: