Efeitos do inseticida permetrina sobre o desenvolvimento de peixes-zebra
Resumo
A permetrina (PM) é um inseticida sintético piretróide do tipo I e amplamente utilizada no campo e principalmente em ambientes domésticos no controle de insetos nocivos. Os piretróides são considerados relativamente seguros, com baixa toxicidade em mamíferos. No entanto, estudos tem indicado importante potencial tóxico desse composto sobre organismos em desenvolvimento. O presente trabalho teve como objetivo investigar os mecanismos de toxicidade da PM sobre o comportamento, homeostase redox e respiração celular de peixes-zebra em estágios iniciais do desenvolvimento até a fase adulta. Este trabalho foi dividido em duas etapas: (I) foram determinadas as concentrações letais e não letais de PM em larvas de peixe-zebra expostas de forma aguda, onde foram determinadas a CL50 de 108 μg/L e as concentrações subletais de 25 e 50 μg/L foram utilizadas para as subsequentes análises. Foi observado que ambas as concentrações foram capazes de causar desbalanço redox, levando ao aumento de espécies reativas de oxigênio (EROS). Consequentemente, foram observados danos oxidativos sobre biomoléculas, genotoxicidade e indução de apoptose. Em contrapartida, houve ativação do sistema de defesa antioxidante, os quais não foram suficientes para neutralizar os danos oxidativos, caracterizando o estado de estresse oxidativo em decorrência a exposição à PM. Nesta mesma etapa, observamos significativa diminuição da respiração celular e desvio da via aeróbica, os quais, em conjunto com os danos oxidativos poderiam influenciar as alterações comportamentais não-motoras ligadas a ansiedade observadas na etapa I. Na etapa (II) foram avaliados os efeitos da exposição a PM sobre o desenvolvimento de peixe-zebra por meio da determinação de padrões comportamentais em estágios chave do desenvolvimento. Nesta etapa os embriões de peixe-zebra foram submetidos a uma única exposição ao inseticida durante as primeiras 24h do desenvolvimento e subsequentemente, os comportamentos foram avaliados nas diferentes fases do desenvolvimento até a fase adulta. Observou-se que a exposição foi capaz de alterar comportamentos basais como os movimentos espontâneos ainda durante o estágio embrionário, assim como nos estágios posteriores do desenvolvimento até a fase adulta. Comportamentos ligados à ansiedade e medo foram significativamente alterados durante o período larval e persistiram até a fase adulta, quando também foram observados aumento nos parâmetros de agressividade. Estes resultados indicam que os danos provocados pela a exposição embrionária à PM persistiram durante o desenvolvimento e levaram a alterações comportamentais na fase adulta, os quais podem estar relacionados com distúrbios de ansiedade e depressão. Dados em conjunto, as duas etapas do estudo corroboram para o entendimento dos mecanismos de toxicidade da PM sobre organismos em desenvolvimento e sua relação com distúrbios comportamentais, além de contribuir na validação do modelo de peixe-zebra para estudos de neurodesenvolvimento ligados a contaminantes ambientais.
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