Modernização, instituições e revolução: o caso iraniano (1953-1979)
Abstract
A presente pesquisa procura contribuir para uma melhor compreensão dos desafios impostos pela modernização ao desenvolvimento político, bem como sua relação com a ocorrência de processos revolucionários. Tendo como objeto de estudo a República Islâmica do Irã, pretende-se responder à seguinte pergunta de pesquisa: “A Revolução Iraniana de 1979 é, essencialmente, uma reação das elites tradicionais ao processo de modernização iniciado em 1953 pelo governo do Xá? Como e por quê?”. Para isto, o trabalho adota a dependência da trajetória (path dependence) como instrumento teórico-metodológico, enfatizando a existência de legados políticos e seus impactos sobre escolhas políticas subsequentes. Deste modo, o processo de modernização e desenvolvimento político iraniano foram analisados a partir de dois momentos críticos e da trajetória institucional estabelecida entre eles, a saber: (i) o Golpe de Estado de 1953 e (ii) a Revolução Islâmica de 1979. A hipótese adotada é de que a Revolução Islâmica consiste de fato em uma reação das elites tradicionais ao processo de modernização iniciado em 1953. As mudanças promovidas pelo golpe de Estado deram início a uma nova trajetória política no Irã e promoveram não só um rápido crescimento econômico, bem como alterações nos padrões de comportamento da sociedade. Em contrapartida, principalmente a partir da Revolução Branca de 1963, as elites tradicionais foram sistematicamente afastadas das esferas de tomada de decisão e as instituições políticas perderam sua autonomia como uma instância de modulação e canalização das demandas sociais. Essa discrepância entre a modernização e o desenvolvimento político estabeleceram um cenário de instabilidade política, no qual as elites tradicionais puderam atuar. Possuindo uma narrativa capaz de oferecer segurança e certeza à sociedade iraniana em tempos de rápida mudança e desacomodação de valores e atitudes tradicionais, as elites tradicionais conseguiram canalizar a frustração social decorrente da modernização e lideraram a Revolução Islâmica de 1979. Pretende-se assim, por meio do estudo do caso iraniano, compreender os desafios impostos pela modernização à estabilidade política e sob quais condições a instabilidade política favorece o desenvolvimento de uma ruptura revolucionária.
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