As representações e construção de esteriótipos de vidas negras na obra "O Sítio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato
Resumo
A presente monografia busca identificar nos livros que formam a obra infantil “O Sítio do Picapau amarelo”, criada por Monteiro Lobato, representações e construção de estereótipos de personagens negras nas histórias. Como autor e editor, Lobato foi o responsável por escrever, editar, publicar e distribuir suas obras por todo o Brasil. Os livros, publicadas entre 1921 e 1947, que acompanham as aventuras de crianças na propriedade rural de sua avó, buscam promover diversos elementos da cultura brasileira para o público infantil. Atravessaram gerações e receberam inúmeras adaptações, inclusive no formato de série televisiva. O ponto de partida para o estudo é o problema de pesquisa: “como analisar a obra do sítio do Picapau Amarelo, a partir de reflexões sobre problemáticas raciais, de modo a investigar como as representações e a construção de estereótipos da população negra estão relacionados com o racismo estrutural da sociedade brasileira”. Para respondê-lo, a pesquisa busca problematizar as representações de pessoas negras, a posição que elas ocupam nas histórias infantis de Monteiro Lobato e categorizar as formas que as opressões contra os personagens negros ocorrem na obra, para, enfim, refletir sobre como a dimensão estrutural do racismo manifesta-se na obra. Além de pesquisa documental e bibliográfica, o trabalho é construído com base na análise de conteúdo de quatro obras selecionadas. Como principais resultados, observamos que a obra contém muitos elementos racistas que vão além das ofensas proferidas pelas personagens e pelo narrador. O racismo na obra de Lobato está em toda a sua estrutura e na forma que representa as personagens negras, trazendo os estereótipos da “Boa negra” e do “Bom negro”. Além de usos pejorativos da palavra negra(o)/preta(o), há diversas referências ao período escravocrata, além de ocorrer o rebaixamento das culturas negras em comparação com a cultura europeia. Portanto, torna-se de extrema importância assumir que o autor, sua obra e suas declarações são racistas e que negação desse fato prejudica o andamento de uma educação antirracista, tão necessária para desmontarmos essa estrutura que vivemos.
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