Adaptação parental e percepção da autonomia do filho com autismo: relação com váriaveis sociodemográficas, abordagem clínica e inserção escolar
Resumo
Esta pesquisa surgiu a partir da escuta clínica dos pais de crianças com Autismo,
despertando o interesse em saber como acontece o processo psicológico de adaptação dos
pais à deficiência do filho. O nascimento de uma criança acarreta mudanças familiares, mas
quando a criança tem alguma deficiência essas mudanças costumam ser mais intensas. Os
objetivos desta pesquisa foram analisar a adaptação parental à deficiência do filho e sua
relação com as variáveis sociodemográficas, assim como descrever a percepção dos pais
sobre a autonomia do filho na comunicação, atividades de vida diária e capacidade motora e
as possíveis relações com o tipo e tempo de intervenção terapêutica. Também avaliar a
adaptação parental em relação ao tipo de terapia dos filhos e acesso dos pais ao
atendimento psicológico. Desse modo, a pesquisa de campo, quantitativa, contou com uma
amostra de 40 pais (pai e/ou mãe) de 31 crianças com diagnóstico de Transtorno do
Espectro Autista (TEA), com idades entre três e 10 anos. Para isso foram utilizados dois
instrumentos: uma entrevista semiestruturada e a Escala Parental de Adaptação à
Deficiência (EPAD). A partir da média do escore total da EPAD, pôde-se perceber que os
pais desta pesquisa estão com boa adaptação à deficiência do filho e que as mães têm
escores de adaptação menores do que os pais. Na comparação entre os escores totais da
EPAD dos pais solteiros e divorciados, obteve-se diferença significativa, sugerindo que os
pais divorciados estão melhores adaptados que os pais solteiros. O uso de antidepressivos,
indicando processo depressivo de alguns pais, associou-se com menores escores totais na
EPAD, evidenciando pais menos adaptados à deficiência do filho. Em relação às crianças,
percebeu-se que a maioria delas são meninos e que a autonomia de vida diária é melhor
quando elas frequentam a escola. Quanto ao tipo de terapia que a criança e os pais
recebem, foi possível observar que os pais que participavam da terapia do filho, tiveram
menos sentimentos de culpa em relação àqueles que não participavam. Isso sugere que
alguns sentimentos dos pais podem ser trabalhados durante os atendimentos dos filhos.
Também demonstra a importância de intervir com a criança e com a família, de modo a
proporcionar elementos para que os pais possam se adaptar melhor à deficiência,
minimizando seu sofrimento, e ajudando no estabelecimento de um vínculo maior entre pais
e filhos. Os resultados indicaram que a adaptação parental segue um percurso individual
para cada pai e mãe, e que os familiares de crianças com TEA não estão recebendo suporte
psicológico para esse processo nas instituições investigadas em Santa Maria e região.
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