Análise cromatográfica e eletroforética de fármacos em suplementos alimentares e avaliação de interações medicamentosas in silico
Resumo
O aumento da procura de suplementos alimentares nos últimos anos leva a um cenário alarmante em relação à eficácia e segurança destes produtos. A falta de uma categoria específica para registro destes produtos propicia a prática da adulteração dos mesmos com fármacos sintéticos, o que propiciaria um efeito mais eficaz num curto espaço de tempo. Ainda, o número de usuários que consome suplementos concomitantemente com fármacos sintéticos tem aumentado muito nos últimos anos, o que pode causar sérias interações. Essa associação pode ser responsável por casos de falha terapêutica ou efeitos colaterais inesperados, além de riscos indiretos à saúde, o que ocorre quando o paciente utiliza o suplemento para fins terapêuticos apesar da falta de evidência de benefícios. Este trabalho descreve o desenvolvimento de dois métodos analíticos para a determinação de 10 fármacos (fluoxetina, paroxetina, cafeína, sinefrina, fenolftaleína, anfepramona, amilorida, clortalidona, hidroclorotiazida e furosemida) em 114 amostras de suplementos alimentares comercializados no Brasil. O primeiro método, empregando eletroforese capilar de zona (CZE) com detecção UV e C4D simultaneamente permite a determinação simultânea de antidepressivos, laxante, anorexígeno e diuréticos nas condições otimizadas: eletrólito de trabalho tampão fosfato 20 mmol L-1 (pH 9,2) contendo 30% de metanol (v/v), potencial de separação -15 kV, temperatura 25 °C; injeção hidrodinâmica por gravidade em 20 cm durante 60 s. O método foi validado nos parâmetros de linearidade, limite de detecção, limite de quantificação, precisão e exatidão. O método foi capaz de identificar os adulterantes presentes nas amostras com alta seletividade e sensibilidade. O segundo método, empregando HPLC com detecção amperométrica pulsada permite a detecção de estimulantes e diuréticos nas seguintes condições: fase móvel tampão fosfato 5 mmol L-1 (pH 4,5) contendo SDS 0,3 mmol L-1 e 50% de metanol (v/v); coluna C18; potencial de amostragem de +0,8V; potenciais de limpeza de -0,2V e +1,0V; fluxo de 1,0 mL/min. Foi realizada ainda uma simulação utilizando modelo in silico para a previsão de interação medicamentosa entre sertralina e cafeína e sertralina e sildenafil. Os métodos analíticos foram capazes de detectar a presença de estimulantes e diuréticos nas amostras analisadas, sendo que em cerca de 18% das amostras os níveis de cafeína estavam acima do limite diário máximo recomendado. Hidroclorotiazida e/ou furosemida foram encontradas em 12% das amostras de suplemento. Em relação aos estudos de interação medicamentosa, a sertralina não interagiu farmacocineticamente com a cafeína, porém aumentou a ASC do sildenafil em 72% no regime de dose única e em 138% no estudo de steady state pelo período de 30 dias.
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