Envolvimento do estresse oxidativo e dos sistemas colinérgico e purinérgico na esclerose múltipla: estudo clínico e de revisão
Abstract
A esclerose múltipla (EM) é uma das principais doenças inflamatórias crônicas do sistema nervoso
central (SNC) que causa incapacitação funcional em adultos jovens. É considerada uma enfermidade
autoimune e neurodegenerativa complexa, já que possui diversos processos envolvidos em seu
advento, incluindo inflamação, desmielinização, lesão axonal e mecanismos de reparo. Estudos têm
sugerido uma estreita relação entre um aumento dos agentes pró-oxidantes, a presença de eventos
pró-inflamatórios e modificações na resposta imune. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar
biomarcadores de estresse oxidativo como: nìveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico
(TBARS), o conteúdo de proteìna carbonil em soro, danos ao DNA em leucócitos, bem como a
atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e delta-aminolevulinato
desidratase (δ-ALA-D) em sangue total. Adicionalmente, foram determinados os nìveis de
antioxidantes não enzimáticos, como: a vitamina C, vitamina E, tiois não proteicos (NPSH) e vitamina
D em soro. Para este estudo, avaliou-se dois grupos: Grupo EM composto por pacientes
diagnosticados com a forma remitente-recorrente da EM (RREM) e Grupo Controle (GC), composto
por voluntários saudáveis. Os resultados obtidos demonstraram aumento na atividade da CAT
concomitante a redução na atividade da SOD em sangue total de pacientes com RREM quando
comparados com indivìduos saudáveis. Igualmente, foi observado uma elevação na peroxidação
lipìdica e nos nìveis de proteìna carbonil em soro, bem como o aumento no dano ao DNA em
leucócitos dos pacientes com RREM quando comparados com o GC. Outra constatação importante,
foi a elevação da atividade da δ-ALA-D em sangue total nos pacientes com RREM em comparação
com o GC. Ainda, os nìveis de vitamina C, vitamina E, NPSH e vitamina D foram significativamente
diminuìdos em indivìduos com RREM quando comparado ao GC. Além disso, buscou-se analisar o
envolvimento dos sistemas colinérgico e purinérgico tanto em pacientes como em modelos
experimentais de EM, já que esses sistemas parecem influenciar de modo significativo a ativação e
manutenção do sistema imune, além de participarem do controle e resolução da resposta
inflamatória. Neste cenário, realizou-se uma ampla revisão das descobertas existentes na literatura
cientìfica, e por meio de um artigo de revisão, demonstrou-se a relevante implicação desses sistemas
na patogênese da EM. Assim, a partir dos resultados obtidos nestes estudos, sugere-se que há uma
alteração no balanço oxidante/antioxidante em pacientes com RREM evidenciado pela resposta
encontrada por meio dos biomarcadores de estresse oxidativo. Ainda, os sistemas colinérgico e
purinérgico influenciam os mecanismos que sinalizam, regulam e controlam as respostas inflamatória
e imune na EM, por conseguinte a associação desses fatores podem cooperar para o surgimento
e/ou desencadear os surtos caracterìsticos da doença. Também, sugere-se a existência de uma resposta pró-inflamatória contìnua, tanto central quanto periférica. Juntos esses achados, contribuem
para o melhor entendimento dos mecanismos etiopatogênicos envolvidos nessa doença, além de
serem úteis para ampliar a terapêutica e monitoramento desse distúrbio neurodegenerativo em
benefìcio da qualidade de vida dos indivìduos com EM.
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