Pobreza e privação social na área urbana de Santa Maria, Rio Grande do Sul: uma análise a partir dos usos do território
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Data
2020-01-28Primeiro membro da banca
Cardoso, Eduardo Schiavone
Segundo membro da banca
Becker, Elsbeth Léia Spode
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A Geografia Urbana, ao longo das décadas vem se utilizando de diversos conceitos e abordagens para a análise das desigualdades socioespaciais e territoriais urbanas. Nesse sentido, para a realização deste estudo, dois conceitos foram utilizados como fio condutor da pesquisa: a privação social e o território usado. Dessa maneira, o objetivo principal deste trabalho é pautado em entender a pobreza urbana a partir da privação social e materializar este conceito no território urbano de Santa Maria, Rio Grande do Sul. O método que fundamenta a pesquisa é o dialético, na sua fundamentação elaborada pela teoria crítica. Como procedimentos metodológicos, utilizou-se a revisão bibliográfica do tipo narrativa, a construção de um índice de privação social para a área urbana de Santa Maria, bem como, a coleta de dados secundários, relativos aos usos do território na cidade, com auxílio da observação e trabalhos de campo. O índice de privação social foi metodologicamente elaborado a partir de três dimensões para se pensar a privação social: a dimensão educação, a dimensão renda e a dimensão domicílio-saneamento, através de cinco indicadores sociais construídos por meio das variáveis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010). Estes dados apontam para determinado desenho espacial de pobreza na cidade, ligado ao padrão centro-periferia, concentrando a privação principalmente nas regiões periféricas, como à Norte, Nordeste, Sul e Oeste da área urbana, porém com manchas de privação ocorrendo descontinuamente em outras áreas da cidade. Nesse sentido, por meio do índice de privação social, aliado as incursões de campo, foram classificadas três grandes áreas de privação no território urbano de Santa Maria: a primeira perpassando a extensão Norte da área urbana, que inicia na zona Norte de Camobi, seguindo descontinuamente pelos bairros da região Nordeste e Norte, acompanhando a estrada de ferro. A segunda área de privação iniciando na região Norte, passando por áreas da região Centro-Oeste e Oeste como o bairro Noal, Nova Santa Marta e Agro-Industrial. Além destas, uma terceira na região Sul, estendendo-se para Centro-Leste, entre os bairros Urlândia, Lorenzi e Diácono João Luiz Pozzobon. As áreas de baixa privação concentram-se, principalmente, no Centro, estendendo-se para Leste da cidade, em direção do bairro Camobi. Nesse sentido, a pobreza e a privação social são relativas no espaço e no território, determinadas pelo processo histórico de usos do território nessas regiões. Para melhor entender esta dinâmica, foram selecionados usos do território que se associam a pobreza e a privação social, como o Distrito Industrial, o aterro sanitário, o Presídio Estadual, o aparato ferroviário, a presença militar, entre outros. Nesse sentido, aprofundou-se com relação a três grandes estruturas espaciais: os trilhos da ferrovia, o Arroio Cadena e o Morro Cechella, para onde convergem os pobres da cidade ou os homens lentos de Milton Santos. Estas três formas espaciais destacadas, dentro do contexto da produção dos usos do território, aparecem associadas a diferentes formas de privação, em especial a privação do acesso a moradia urbana. Portanto, a privação à moradia, refletido pelo fenômeno das ocupações irregulares na área urbana de Santa Maria, explicitamente, mostra-se como uma das principais privações no território.
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