Eles nunca vão nos calar: um debate sobre a violência contra a mulher nos contos de Conceição Evaristo
Resumo
Compreende-se, que a violência contra a mulher é um fenômeno histórico, rebento das relações de desigualdade de gênero, desigualdades de classe, raça e sexualidade, as quais estão conectadas aos interesses do modo de produção patriarcalista. Entende-se, também, que é complicado analisar as relações de gênero sem compreendê-las em seu contexto histórico, econômico e social. Quando analisadas na ordem patriarcal, é preciso percebê-las dentro e a partir das desigualdades de classe, raça e sexualidade, sem hierarquizá-las, já que estas são também eixos estruturantes da sociedade e encontram-se amarradas umas às outras. Neste sentido, esta dissertação tem como objetivo geral analisar comparativamente duas obras de Conceição Evaristo: Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011) e Olhos D’água (2014), e identificar, a partir dessa análise, a violência contra mulher que é acometida às personagens apresentadas pela autora. Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, a autora supracitada estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Dona de uma escrita versátil, Evaristo cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Dessa maneira, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores, o que se considera algo muito positivo, visto que, em séculos atrás jamais seriam lidos livros de uma mulher negra. Quanto às análises, as mesmas serão divididas por blocos e englobarão as diversas formas de violências que as personagens femininas sofrem ao longo das narrativas. Além disso, pretende-se problematizar questões que envolvam as relações entre racismo, violência contra a mulher e patriarcalismo. Metodologicamente, foram analisados excertos das narrativas que reforçam o que já foi mencionado por Beauvoir, Butler, Spivak, Bourdie, Scott, Freyre, Tiburi, entre outros, sobre violência contra mulher, desigualdade de gênero, discriminações raciais, e patriarcalismo. Ademais, cada obra teve os contos selecionados e divididos quanto à violência física, sexual, patrimonial e simbólica. Em vias finais, pode-se concluir que dos contos analisados, todos apresentam alguma forma de violência contra a mulher. Como nessa pesquisa a mulher é vista como vítima, afirma-se que das personagens apresentadas pela autora e selecionadas para o estudo, todas sofrem algum tipo de violência, seja ela física, simbólica, sexual, patrimonial ou, ainda, todas juntas.
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