Mãos que cultivam a luta: experiências de resistência agroecológicas nos territórios do agronegócio no Pampa gaúcho e uruguaio
Resumo
O modelo hegemônico de produção agrícola, representado pelo agronegócio e blindado pelo Estado Neoliberal, influencia a economia mundial e, sobretudo, atua diretamente nos territórios rurais. Contudo, contribui para o processo de acumulação do capital, pressionando a agricultura familiar camponesa e, baseado em pacotes tecnológicos, se torna econômica e ambientalmente insustentável. Nesse sentido, a Agroecologia ocupa um lugar de enfrentamento ao agronegócio, pois as experiências de resistências agroecológicas buscam outra forma de produzir e viver no campo. Essas relações de enfrentamento forjam os territórios rurais, tendo as experiências de resistências agroecológicas como protagonistas na luta pelo direito de se reproduzirem socialmente em seus territórios. Dessa forma, buscamos compreender as experiências de resistência no sentido de estarem transformando suas realidades a partir da incorporação de um novo paradigma que se fundamenta nos preceitos da Agroecologia como alternativa ao grande capital, representado pelo agronegócio. Assim, pergunta-se: quais as práticas utilizadas pelas duas famílias envolvidas nessa investigação, que as levam à resistência? As duas áreas de estudo, uma família brasileira estabelecida na Campanha Gaúcha e uma família uruguaia localizada em Canelones, apresentam o universo camponês envolvido por subjetividades e, sobretudo, sua base material que possibilita a reprodução social. A formação sócio-histórica brasileira e uruguaia e o avanço do neoliberalismo sobre seus territórios contextualizam a pesquisa, que foi desenvolvida trazendo as aproximações e distanciamentos, de cada família, comparadas ao Tipo Ideal de Weber. Utilizando técnicas de observação direta, conversas informações, fotografias, mapas mentais, calendários sazonais, entre outros, a pesquisa clareia esse universo envolto de subjetividades e materialidades. O cenário vislumbrado é de luta e resistência contínua, que hora avança e hora retrocede. A resistência camponesa agroecológica forja suas lutas com estratégias diversas. Pode ser percebido que a resistência camponesa agroecológica está centrada nas estratégias de reprodução, contudo, necessita de políticas públicas que intervenham no avanço do agronegócio sobre os territórios camponeses, devido, sobretudo, ao seu poder político e econômico.
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