Clima e crises cardíacas nas regiões de saúde Entre Rios e Verdes Campos/RS
Resumo
A “Geografia Médica” ou “Geografia da Saúde” como parte da ciência geográfica preocupa-se com a relação entre o meio ambiente e os seres humanos, exercendo influência sobre os indivíduos que nele habitam, nos quais os fatores ambientais e sociais são condicionantes na qualidade de vida da população. Em relação as Doenças cardiovasculares (DCVs), as quais agrupam todas doenças do coração, é considerada uma Doença não transmissível (DNT) que mais assola globalmente a sociedade em relação de mortalidade e de morbidade hospitalar (WHO, 2011). É sabido por meio da literatura clássica, que entre outros elementos climáticos a temperatura afeta diretamente o sistema circulatório, principalmente em temperaturas mais baixas e nas estações mais frias. Por outro lado, tanto as temperaturas mais extremas como as ondas de Calor e Ondas de frio, afetam o bom funcionamento do organismo (SARTORI, 2014).Assim, problematiza-se a possibilidade de identificar um padrão com as variáveis climáticas nas internações para o setor de cardiologia ocorridas via Pronto Atendimento (PA) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), utilizando-se do banco de dados SIE e AGHU tendo como base populacional as Regiões de Saúde Verdes Campos e Entre Rios, os quais formam a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). Para tal, será utilizado o Banco de Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) como banco de dados meteorológicos. Foram definidas as estações do ano; as Ondas de Calor (OC); Ondas de Frio (OF) e calculados as médias de internações para cada as ocorrências das mesmas e até 7 dias após o fim de cada onda, para avaliação das respostas tardias de internação. Foi discutido em cada ano do período estudado, a OC e OF mais representativa de internação para cada ano da escala temporal de estudo para análise. Foram analisados também as idades e sexos dos pacientes nas sazonalidades e ondas. Os marcadores sociais e econômicos foram apresentados para as cidades da 4ª CRS (IDHM; Índice de Gini; PIB) e para a cidade de Santa Maria foi relacionado a renda nominal domiciliar e o Índice de privação social para área urbana da cidade proposto por Faria et.al (2019) com as internações. Os resultados apontam para uma relação das internações no inverno (0,775 internações ao dia) sendo que a média de todo período analisado foi de (0,726 internações ao dia). As ondas de calor e as ondas de frio apresentaram taxas de internação maiores que os dias que não ocorreram presenças das anomalias. As respostas tardias, apresentaram um maior risco de internação para até 7 dias após as ondas de frio. O público masculino foi mais acometido por doenças cardiovasculares que o feminino e as faixa etária maior que 60 anos foi mais acometida. Os marcadores sociais analisados apontam que tanto as menores rendas e as maiores privações têm relação com as internações. Nas cidades da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde e no município de Santa Maria, as internações no setor de cardiologia, via pronto atendimento do Hospital Universitário, foi ao encontro da literatura, apresentando maiores internações no inverno e menor número no verão e tanto ondas de calor ou ondas de frio, mostraram ter relação com os maiores contingentes de internações em períodos de tempos reduzidos.
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