Significações atribuídas ao exercício do cuidado em fim de vida
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Data
2018-06-26Primeiro membro da banca
Farias, Camila Peixoto
Segundo membro da banca
Beck, Carmem Lúcia Colomé
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O aumento global da expectativa de vida relaciona-se a uma importante mudança epidemiológica. Se anteriormente as morbidades e mortalidades eram decorrentes de patologias infecciosas e parasitárias, a partir da metade do século XX esses índices passaram a ser liderados pelas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Impulsionados pela melhora nas condições sanitárias e pelos avanços tecnocientíficos, profissionais de saúde buscam o controle e a cura de agravos crônicos, o que pode levar à distanásia, compreendida como a utilização de medidas fúteis em fim de vida. Em contrapartida, os cuidados paliativos consistem em uma modalidade assistencial que busca a promoção de qualidade de vida a pessoas com adoecimentos potencialmente ameaçadores à continuidade da vida e a seus familiares, mediante a minimização de sofrimentos físicos, psicossociais e espirituais. Como desfecho final, essa modalidade busca uma morte com dignidade – a ortotanásia. Diante do exposto, essa dissertação buscou compreender as significações atribuídas às relações familiares no fim de vida a partir da perspectiva de pessoas em processo de cuidados paliativos domiciliares e de seus familiares cuidadores. Pontua-se que os resultados desse trabalho foram divididos em três artigos, sendo o primeiro deles uma revisão narrativa, enquanto que os segundo e terceiro artigos consistem em trabalhos empíricos. Para a realização desses últimos, utilizou-se o método clínico-qualitativo. Os participantes foram cinco pacientes e seis familiares cuidadores, os quais estavam recebendo assistência de um Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) vinculado a um hospital universitário do interior do Rio Grande do Sul. Para a coleta de dados utilizou-se como instrumento entrevistas semidirigidas, compostas por eixos norteadores, as quais foram gravadas e transcritas integralmente. Quanto ao processo de análise dos dados, optou-se pela análise de conteúdo. As categorias emergidas nesse processo foram distribuídas em dois artigos intitulados “As implicações do cuidado em fim de vida ao cuidador familiar” e “Relações familiares frente à inevitabilidade da morte”. Os resultados apontaram para reorganizações da hierarquia familiar em situações de fim de vida, tendo em vista que os familiares cuidadores, por conta de suas atribuições relativas ao cuidado, situam-se em relações de dominância frente aos demais membros da família. Dessa forma, evidencia-se que o cuidado para esses familiares consiste uma marca identitária que lhes atribui uma função social. Relacionada a essa posição de poder encontra-se a destituição da autonomia de pessoas em fim de vida, o que converge para a infantilização desses indivíduos e para a construção de conspirações de silêncio frente à finitude.
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