Análise do período de espera do diagnóstico ao primeiro tratamento do câncer de mama
Resumo
O câncer de mama apresenta a segunda maior taxa de incidência neoplásica no
Brasil e no mundo. Além disso, representa a maior causa mundial de mortalidade
neoplásica na mulher. Nesse âmbito, o período de espera para o início do
tratamento se faz uma questão preocupante em muitas regiões. Assim, esta
dissertação consta de uma revisão integrativa acerca da influência do atraso
terapêutico na evolução clínica do câncer de mama, a qual evidenciou, mediante
análise de 22 artigos publicados entre 2013 e 2018, que períodos de espera acima
de 60 dias estão associados ao maior número de recidiva local e regional, além de
doença metastática. Ademais, evidenciou-se que o Brasil apresenta períodos de
espera mais prolongados que os outros países. Realizamos, ainda, um estudo
retrospectivo analítico no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), de 1º de
janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2016, que demonstrou, por meio de 118
casos, uma média de espera para o 1º tratamento do câncer de mama de 104,4 dias
e uma mediana de 92,5 dias, sendo que 66,9% esperaram período superior a 60
dias, limite preconizado pela Lei Brasileira Nº. 12.732, de novembro de 2012. Além
disso, 85,2% dos casos que iniciaram tratamento por cirurgia ultrapassaram o limite
de 60 dias, enquanto 67,6% dos casos que realizaram quimioterapia neoadjuvante
iniciaram terapia no período adequado. Acredita-se que esse atraso significativo
para a realização das cirurgias esteja associado à precariedade da infraestrutura
hospitalar. Quanto à influência do atraso na progressão neoplásica, não foram
evidenciados resultados com significância estatística. Em conclusão, segundo a
revisão literária o limite de 60 dias imposto pelo Ministério da Saúde está bem
aplicado, já que o atraso terapêutico contribui com a evolução neoplásica. Contudo,
são necessários novos estudos no HUSM, com maior período de desenvolvimento e
número de casos para esclarecer os resultados encontrados. Espera-se com esse
trabalho instigar o surgimento de pesquisas na mesma vertente, a fim de estimular a
criação de políticas de saúde pública voltadas para o incremento da estrutura
hospitalar. Desse modo, almeja-se reduzir as iniquidades entre os atendimentos dos
enfermos e proporcionar um tratamento oncológico em tempo adequado, que não
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