Envolvimento das cininas na dor do tipo fibromialgia induzida por reserpina e o efeito dos inibidores da enzima conversora de angiotensina I em camundongos
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Data
2019-03-29Primeiro membro da banca
Piato, Angelo Luis Stapassoli
Segundo membro da banca
Rosemberg, Denis Broock
Terceiro membro da banca
André, Eunice
Quarto membro da banca
Oliveira, Mauro Schneider
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A fibromialgia é uma doença crônica potencialmente incapacitante caracterizada por dor generalizada e uma série de comorbidades como a hipertensão, além de não possuir patofisiologia específica ou tratamento apropriado. Evidências têm demonstrado a contribuição das cininas e seus receptores B1 e B2 em condições dolorosas crônicas. Adicionalmente, o uso de drogas inibidoras da enzima conversora de angiotensina I (ECA) por pacientes hipertensos tem sido associado com uma potencialização de sintomas dolorosos. Desta forma, nós investigamos o envolvimento dos receptores B1 e B2 de cininas na dor tipo fibromialgia induzida por reserpina e o efeito dos inibidores da ECA sobre essa dor. Para a indução do modelo de fibromialgia camundongos Swiss machos receberam uma injeção subcutânea de reserpina (1 mg/kg, s.c.) uma vez por dia por 3 dias consecutivos. Parâmetros nociceptivos como alodínia mecânica e ao frio e nocicepção espontânea, além do teste de burrowing, tigmotaxia, nado forçado e força muscular, foram avaliados em um dia após a última administração de reserpina. O papel dos receptores B1 e B2 de cininas foi investigado usando camundongos nocaute ou antagonismo farmacológico. Adicionalmente, a expressão dos receptores de cininas e os níveis de bradicinina e monoaminas foram analisados no nervo ciático, medula espinhal e córtex cerebral dos animais. O efeito dos inibidores da ECA foi avaliado sobre os parâmetros nociceptivos (alodínia mecânica e ao frio e nocicepção espontânea) em animais previamente tratados com reserpina e também tratados com antagonistas dos receptores de cininas. Os níveis de bradicinina, assim como a atividade da ECA e da cininase I também foram mensurados. Camundongos nocaute para o receptor B1 e B2 de cininas preveniram o desenvolvimento de alodínia mecânica induzida por reserpina. O antagonismo desses receptores também reduziu a alodínia mecânica e ao frio e a nocicepção espontânea induzida por reserpina. A reserpina alterou os comportamentos de tigmotaxia, burrowing, nado forçado e força muscular dos camundongos. Além disso, a reserpina aumentou a expressão dos receptores B1 and B2 de cininas e os níveis de bradicinina, assim como reduziu os níveis de monoaminas em estruturas periféricas e centrais. Os inibidores da ECA enalapril e captopril aumentaram a alodínia mecânica induzida por reserpina e esse aumento foi prevenido pelos antagonistas dos receptores B1 e B2 de cininas. Doses submáximas de substância P e bradicinina causaram nocicepção espontânea e aumentaram a alodínia mecânica em animais tratados com reserpina. A administração de reserpina associada com inibidores da ECA aumentou os níveis de bradicinina e inibiu a atividade da ECA em estruturas envolvidas na modulação da dor. Evidenciamos que as cininas e seus receptores B1 e B2 estão envolvidos na dor do tipo fibromialgia. Além disso, podemos sugerir que a terapia com inibidores da ECA em pacientes hipertensos e com fibromialgia requer uma análise cuidadosa, uma vez isso poderia potencializar seus sintomas dolorosos. Logo, o tratamento da hipertensão em pacientes com fibromialgia poderia incluir classes de medicamentos anti-hipertensivos diferentes de inibidores da ECA. Nossos resultados também apontam que antagonistas dos receptores de cininas podem ser promissores para aliviar a dor de pacientes com fibromialgia.
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