Desenvolvimento e avaliação biológica de sistemas nano- e microparticulados contendo 3,3’-diindolmetano
Visualizar/ Abrir
Data
2019-03-26Primeiro membro da banca
Rolim, Clarice Madalena Bueno
Segundo membro da banca
Wilhelm, Ethel Antunes
Terceiro membro da banca
Beck, Ruy Carlos Ruver
Quarto membro da banca
Oliveira, Sara Marchesan de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O 3,3´-diindolmetano (DIM) é um bioativo originado a partir de reações químicas que ocorrem em
vegetais crucíferos, após a ingestão destes. Este bioativo tem demonstrado vários benefícios ao
organismo, como ação antioxidante, anti-inflamatória e antineoplásica. Entretanto, o DIM é insolúvel
em água, apresentando biodisponibilidade menor que 1% por via oral, além de degradar-se quando
exposto à luz ou a altas temperaturas. Na tentativa de contornar algumas destas limitações e
melhorar o potencial terapêutico do DIM, uma estratégia que pode ser adotada é a incorporação do
composto em nanocápsulas (NCs) ou micropartículas (MPs) poliméricas, as quais proporcionam
proteção ao ativo e melhora no perfil de dissolução de substâncias hidrofóbicas. Dessa forma, esta
tese visou o desenvolvimento de NCs e de MPs contendo DIM e a avaliação da performance destes
sistemas frente à fotoestabilidade, ação antioxidante e antitumoral in vitro com as NCs, bem como o
efeito antinociceptivo do DIM livre ou associado aos sistemas carreadores em modelos animais de
dor aguda. Os protocolos descritos foram aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da
Universidade Federal de Santa Maria, sob o nº 4428090217/2017. As suspensões de NCs de DIM
foram preparadas pelo método de deposição interfacial de polímero pré-formado e apresentaram
características físico-químicas adequadas, com tamanho de partícula na faixa de 100-300 nm, índice
de polidispersão abaixo de 0,25, potencial zeta negativo ou positivo de acordo com a natureza do
polímero empregado, pH levemente ácido, teor de ativo próximo ao teórico (1 mg/mL) e eficiência de
encapsulamento próxima a 100%. Quanto ao estudo de fotodegradação frente à radiação UVC, a
concentração final de ativo nas NCs foi 3x maior que a de ativo livre após 5h. O perfil de liberação do
DIM a partir das NCs foi avaliado através da técnica de difusão em saco de diálise, demonstrando
que as NCs prolongaram a liberação do bioativo, apresentando cinética de primeira ordem e
mecanismo por transporte anômalo. A avaliação da atividade sequestrante frente aos radicais DPPH
e ABTS foi realizada após diluição (2-4-6 µg/mL) das amostras (NCs e ativo livre), seguida da mistura
destas com cada radical. O DIM apresentou neutralização dos radicais tanto na forma livre quanto
nanoencapsulada, sendo esta mais acentuada para as NCs. O estudo do efeito citotóxico do DIM livre
ou nanoencapsulado frente a células de glioma U87 foi realizado nas concentrações de 3-6-12-24
µg/mL e demonstrou que, de maneira geral, a nanoencapsulação aumentou o efeito citotóxico do DIM
(Artigo 1). Além disso, foi demonstrada a viabilidade de preparação de MPs contendo DIM, as quais
apresentaram características físico-químicas adequadas, como diâmetro médio na faixa de 200-400
µm, estreita distribuição granulométrica, teor de DIM de aproximadamente 150 mg/g e eficiência de
encapsulamento em torno de 84%, bem como liberação controlada do ativo. Avaliações da forma de
associação do DIM às nano- e micropartículas demonstraram a viabilidade dos sistemas em
incorporar o DIM, sem apresentar interações com outros constituintes dos sistemas. Ainda, foi
realizada a avaliação do efeito antinociceptivo do DIM em diferentes modelos animais (Teste da
chapa quente, Modelo de nocicepção induzida pela formalina, Modelo de dor inflamatória aguda
induzida pelo Adjuvante Completo de Freund). Para tal, foram utilizados camundongos Swiss machos
(25-35 g), os quais foram tratados por via intragástrica (doses de 2,5, 5 ou 10 mg/Kg) nos tempos de
0,5-8h de tratamento. Os resultados demonstraram a ação antinociceptiva/anti-hipernociceptiva do
DIM, tanto livre quanto associado aos sistemas, apresentando efeito farmacológico prolongado e
mais acentuado devido à nano e a microencapsulação (Manuscritos 1 e 2). Portanto, o presente
trabalho demonstrou a viabilidade de preparação de NCs e MPs contendo DIM, bem como a
capacidade dos sistemas em promover liberação prolongada e fotoproteção, além de melhorar as
atividades antinociceptiva e antioxidante deste bioativo, sendo assim uma abordagem inovadora para
a liberação oral do DIM no tratamento da dor.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: