Mulheres venezuelanas refugiadas em contexto de mobilidade e reterritorialização: violências, vulnerabilidades e interseccionalidade
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Date
2019-07-12Primeiro coorientador
Langendorf, Tassiane Ferreira
Primeiro membro da banca
Costa, Marta Cocco da
Segundo membro da banca
Vieira, Letícia Becker
Metadata
Show full item recordAbstract
O estudo proposto insere-se no campo da saúde da mulher e permeia as discussões da rede de atenção ao enfrentamento da violência contra mulheres refugiadas. Teve como objetivo analisar as experiências de violência contra mulher e as múltiplas vulnerabilidades que permeiam o contexto de mobilidade e reterritorialização de mulheres refugiadas, e suas interseccionalidades. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, apoiado no referencial teórico de Vulnerabilidade e Direitos Humanos, desenvolvido com uma comunidade de venezuelanos refugiados na cidade de Chapada/RS. Os participantes do estudo foram dez mulheres venezuelanas refugiadas integrantes desta comunidade. A coleta dos dados deu-se no período de fevereiro a abril de 2019, por meio de entrevistas individuais em profundidade. Para apreciação dos dados obtidos foi empregada a Análise de Conteúdo do Tipo Temática proposta por Minayo, e ainda sob a luz do referencial teórico e quadro conceitual de Vulnerabilidade e Direitos Humanos. Foram seguidas as recomendações previstas na Resolução nº466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, respeitando as normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. A análise dos relatos das participantes foi organizada em duas categorias temáticas: Experiências de violências, e Vulnerabilidades à violência contra mulher. As experiências de violências evidenciadas nos relatos apontam os contextos do país nativo, do processo migratório e ainda da reterritorialização como cenários de violências. Estas constituíram-se como violências estruturais, intrafamiliares, por parceiro íntimo e institucionais, e ainda nas formas moral, psicológica, física e sexual. Os aspectos que conferem vulnerabilidade individual tangem os reflexos ao corpo e estado de saúde e aos recursos pessoais disponíveis como nível de conhecimento e acesso à informação, escolaridade, relações familiares, redes de amizade e de apoio social, relações afetivo-sexuais, e relações profissionais. Os aspectos que conferem vulnerabilidade social tangem os processos de estigmatização frente as relações de gênero e raciais estabelecidas na sociedade, e ainda as dificuldades do acesso a emprego. Quanto às ações programáticas desenvolvidas no contexto de territorialização, estas protegem as mulheres das situações de vulnerabilidade à violência, uma vez que se trata de um cenário desejado de migração, e portanto, o acesso à saúde, assistência e serviços jurídicos foram pensados e estruturados para receber esse contingente populacional na cidade. Evidenciou-se que a interseccionalidade de raça, classe, gênero e nacionalidade aumentam a vulnerabilidade das mulheres venezuelanas refugiadas à violência contra mulher e produz opressões que estimulam ao desempoderamento.
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