Construção da Agroecologia como projeto socialmente transformador: ação coletiva de mulheres guardiãs de sementes crioulas
Visualizar/ Abrir
Data
2020-09-30Primeiro membro da banca
Neves, Delma Pessanha
Segundo membro da banca
Gomes, Ramonildes Alves
Terceiro membro da banca
Zanini, Maria Catarina Chitolina
Quarto membro da banca
Silva, Gustavo Pinto da
Metadata
Mostrar registro completoResumo
No Território da Borborema, estado da Paraíba, diversos agentes sociais vinculados aos
sindicatos e movimentos de trabalhadores sem-terra, com apoio de mediadores sociais de
organizações não governamentais, mobilizaram mulheres, homens e jovens camponeses
em processos de desenvolvimento rural, fundamentados na Agroecologia, como estratégia
de preservação ambiental e inserção socioprodutiva. Importantes ações sociais foram
orientadas para a produção e guarda de sementes crioulas, localmente denominadas
“Sementes da Paixão”. A tese de doutorado tem como objetivo compreender os processos e
relações sociais tecidas por mulheres rurais e jovens mulheres rurais na construção de
práticas e de representações sociais de guarda de sementes crioulas. A pesquisa foi
conduzida como estudo de caso, realizado no município de Remígio, estado da Paraíba. O
critério de escolha de Remígio foi a relevância da participação de mulheres e de jovens
mulheres no plantio e na guarda de sementes crioulas. A pesquisa seguiu uma abordagem
qualitativa, com uso de técnicas de entrevistas semiestruturadas e observações
participativas, realizadas nas residências das mulheres e nas participações em eventos,
oficinas e datas comemorativas. De maneira complementar, foi realizado um levantamento
de documentos relacionados aos processos da participação de mulheres e jovens
camponesas em torno das sementes crioulas e das lutas por direitos. A articulação de
múltiplos agentes sociais, de representação dos camponeses e de desenvolvimento rural,
desencadeou importantes processos de participação de mulheres camponesas nas lutas em
defesa do meio ambiente, da agroecologia, das sementes crioulas, da inserção feminina na
produção e comercialização de produtos agroecológicos. Na conjunção de conhecimentos e
técnicas ancestrais com conhecimentos agroecológicos, disponibilizados pelos mediadores
sociais, as camponesas familiares de guarda produzem diversos cultivos e criações, que
geram segurança alimentar para suas famílias e também excedentes comercializáveis nas
Feiras Agroecológicas, que garantem renda própria e autonomia financeira. As mulheres
camponesas associam suas sementes crioulas a um universo de representações sociais,
que se expressam nos trabalhos de plantar, colher, comer e guardar, nos laços e
ensinamentos ancestrais, nos vínculos com a terra e água, nos festejos comunitários, nas
crenças religiosas, nos cuidados da alimentação e da saúde das pessoas e animais. As
jovens camponesas também passaram a se organizar em torno da ampliação de espaços
de expressão e de lutas sociais, da produção agroecológica, da guarda de sementes
crioulas, das inserções produtivas e mercantis, como formas de assegurar a sua reprodução
social e desenvolver seus projetos de emancipação social. As mulheres e de jovens
mulheres rurais tornam-se agentes sociais fundamentais nos processos de desenvolvimento
rural, experimentados em Remígio, pelas significativas participações na preservação dos
recursos naturais, no fortalecimento de produções alimentares, na construção de mercados
agroecológicos e nos avanços na emancipação feminina.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: