Entre o silêncio dos pinhais e a solidão das paredes: a composição das personagens e sua relação com o espaço em Casa na duna, de Carlos de Oliveira

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Date
2020-02-28Primeiro membro da banca
Roani, Gerson Luiz
Segundo membro da banca
Paraense, Silvia Carneiro Lobato
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Em meados da década de 1930, Portugal encontra-se já sob o regime do Estado Novo, período conturbado em que desponta o Neorrealismo português, movimento literário influenciado por certas concepções marxistas e pela ficção norte-americana e brasileira da década de 30. No quadro literário do movimento, Carlos de Oliveira ocupa um lugar central entre os autores cuja
obra reflete uma acentuada preocupação estética. A temática neorrealista da decadência da burguesia rural e da consequente miséria do proletariado é evidente em seu primeiro romance, Casa na Duna (1943), que inaugura a chamada “tetralogia da gândara”, composta ainda pelos romances Pequenos Burgueses (1948), Uma Abelha na chuva (1953) e Finisterra (1978). Casa
na Duna acompanha as três últimas gerações dos Paulos, família da pequena burguesia gandaresa, proprietária de uma quinta na aldeia de Corrocovo. Nesse romance, a degradação, que inicialmente parece restrita à questão socioeconômica, abarca também as instâncias física, moral, psicológica e afetiva. Tendo isso em vista, nesta dissertação, objetivamos compreender,
por meio da análise da composição das personagens e da configuração do espaço, a relação de contiguidade entre a derrocada da família Paulo e a ruína de sua casa. Para tanto, privilegiamos sobretudo o cuidado formal e linguístico com que o autor constrói o universo ficcional da gândara e o modo como caracteriza seus habitantes, além da maneira como se serve ideologicamente dele, ao mesmo tempo evitando tornar a obra mero instrumento de crítica social e se valendo das potencialidades estéticas da língua.
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