Alterações comportamentais mediadas pelo etanol em peixe-zebra: influência do estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e modulação serotoninérgica
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Data
2020-07-24Primeiro membro da banca
Fachinetto , Roselei
Segundo membro da banca
Oliveira, Sara Marchesan de
Terceiro membro da banca
Rico, Eduardo Pacheco
Quarto membro da banca
Bogo, Mauricio Reis
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O consumo de etanol é um grave problema de saúde pública devido aos impactos negativos que causa nos indivíduos e na sociedade. Pelo fato do mecanismo de ação do etanol no sistema nervoso central ser complexo e não totalmente compreendido, os medicamentos disponíveis para tratar as desordens relacionadas ao uso de álcool não apresentam boa eficácia. Assim, a validação de novos modelos experimentais para o estudo translacional das desordens induzidas pelo álcool é importante. O peixe-zebra (Danio rerio) tem sido utilizado com sucesso para investigar os mecanismos relacionados ao abuso e vício ao etanol. Porém, muitos aspectos bioquímicos e comportamentais ainda necessitam ser explorados e avaliados dentro dos modelos de exposição ao etanol em peixe-zebra. No presente estudo, utilizamos protocolos agudos e crônicos de exposição ao etanol em peixe-zebra com o objetivo de investigar aspectos relacionados ao estresse oxidativo, bioenergética e o potencial envolvimento do sistema serotoninérgico nas respostas neurocomportamentais induzidas pelo álcool. Em um primeiro estudo, verificamos que a exposição crônica ao etanol (1.0% v/v) por 20 minutos durante 8 dias gerou um efeito do tipo ansiogênico, aumentando o comportamento social e promovendo estresse oxidativo. Ao avaliar efeitos do etanol sobre a respiração mitocondrial no segundo estudo, observamos que a exposição aguda ao etanol (1.0% v/v por 1 hora) estimulou o processo de fosforilação oxidativa e aumentou a funcionalidade da mitocôndria em encéfalo de peixe-zebra, enquanto que a exposição crônica, similar ao protocolo do primeiro estudo, prejudicou a transferência de elétrons entre os complexos I e II da cadeia respiratória mitocondrial. No terceiro estudo, no qual avaliamos o envolvimento do sistema serotoninérgico nas respostas agudas ao etanol, verificamos que o comportamento de agressividade induzido pelo etanol (0.25% v/v por 1 hora) é modulado pela via serotoninérgica com ação principal do receptor 5-HT2A, enquanto que as respostas do tipo ansiolíticas observadas após a exposição a uma concentração moderada de etanol (0.5% v/v por 1 hora) são moduladas principalmente pelo receptor 5-HT1B. As respostas depressoras induzidas pelo etanol (1.0% v/v por 1 hora) não foram moduladas por fármacos com ação serotoninérgica. Em suma, de modo similar ao que ocorre em humanos, verificamos que as repostas mediadas pelo etanol em diferentes protocolos experimentais envolvem alterações no comportamento social, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e modulação serotoninérgica em peixe-zebra. Nossos achados auxiliam na elucidação dos mecanismos centrais de ação do etanol e comportamentos associados, reforçando o valor preditivo, de face e de construto dos modelos de exposição ao etanol em peixe-zebra. Esses novos resultados permitirão a expansão dos estudos translacionais utilizando este organismo modelo em pesquisas científicas visando elucidar os mecanismos subjacentes ao abuso e vício ao etanol.
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