Perspectivas da internação psiquiátrica: inventário do cuidado e da produção de redes
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Data
2020-08-31Primeiro coorientador
Terra , Marlene Gomes
Primeiro membro da banca
Ubessi, Liamara Denise
Segundo membro da banca
Siqueira, Monalisa Dias de
Terceiro membro da banca
Schimith, Maria Denise
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Na perspectiva das novas abordagens em saúde mental, a partir da Reforma Psiquiátrica
Brasileira, as internações psiquiátricas somente deverão ocorrer após esgotadas todas as
possibilidades terapêuticas e todos os recursos extra hospitalares disponíveis na rede
assistencial. Contudo, quando necessária, a internação deve ter uma duração breve, que ampare
o indivíduo no momento de necessidade, para que o restante do tratamento seja contemplado
nos demais serviços da rede. Além disso, o cuidado ofertado ao usuário durante o internamento
deve estar pautado na clínica ampliada, nos referenciais humanistas de liberdade, autonomia e
integralidade. Diante do exposto, este estudo objetivou compreender a percepção da equipe
multiprofissional das unidades de internação psiquiátrica dos Hospitais Gerais pertencentes à
4ª Coordenadoria Regional de Saúde sobre a internação psiquiátrica. Trata-se de um estudo de
abordagem qualitativa, do tipo exploratória e descritiva, cujos dados foram obtidos por meio de
entrevista semiestruturada com dezenove profissionais de diferentes núcleos das unidades de
internação psiquiátrica dos hospitais gerais pertencentes à 4ª Coordenadoria Regional de Saúde,
Rio Grande do Sul, Brasil, no período de junho a agosto de 2017. Os aspectos éticos das
pesquisas com seres humanos foram respeitados conforme a Resolução 466/12 do Conselho
Nacional de Saúde. Os dados foram submetidos à Análise Operativa proposta por Minayo,
revelando duas categorias de análise: no enredo das redes: percepção acerca da produção de
redes em saúde mental na região central do Estado do Rio Grande do Sul e; a realidade refletida
no espelho: o cuidado ao usuário a partir das percepções da equipe multiprofissional. Os
resultados evidenciaram que os profissionais visualizam fragilidades e desafios no que tange a
produção de redes em saúde mental, como a judicialização, falta de investimentos na Atenção
Primária à Saúde, CAPS, a falta de recursos para a manutenção das unidades de internação e o
alto índice de reinternações na região. Quanto o cuidado ofertado à pessoa em sofrimento
durante a internação, evidenciou-se que as práticas assistenciais, onde ainda existe muita
medicalização e fragmentação da equipe, não estão totalmente pareadas às falas dos
trabalhadores, com intensa abordagem reformista. O cuidado e a participação da família durante
o período de internamento foi considerado um dos pontos principais para a consolidação dos
princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e da PNSM. Conclui-se que há forte necessidade
de investimentos em saúde, que abarque todos os dispositivos da RAPS, bem como mudanças
na formação dos profissionais, para que os princípios da RPB “habitem” os trabalhadores, para
que isso faça sentido no cotidiano dos serviços.
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