Parâmetros moleculares e bioquímicos sobre a exposição per os aguda e crônica a xenobióticos eletrofílicos em insetos-modelos

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Data
2020-08-13Primeiro coorientador
Araújo, Daniel Mendes Pereira Ardisson de
Segundo coorientador
Segatto, Ana Lúcia Anversa
Primeiro membro da banca
Schuch, André Passaglia
Segundo membro da banca
Ribeiro, Bergmann Morais
Terceiro membro da banca
Dalla Corte, Cristiane Lenz
Quarto membro da banca
Puntel, Robson Luiz
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A exposição contínua a pequenas doses de substâncias tóxicas causam alterações no perfil transcricional e na função de proteínas antes de causarem prejuizos físicos nos organismos. Os efeitos tóxicos podem surgir até mesmo após a interrupção da exposição. Conhecer o mecanimo de ação e identificar biomarcadores de toxicidade precoce para substâncias são interesses da comunidade científica. Como o ser humano está constantemente exposto a vários xenobióticos, torna-se necessário estudar os efeitos da exposição a dois ou mais agentes tóxicos concomitantemente. Para isso, é necessário estabelecer modelos experimentais para estudos translacionais. Dentre os xenobióticos destacam-se o metilmercúrio (MeHg+) e o vinilciclohexeno (VCH), os quais ainda não possuem mecanismo de toxicidade completamente elucidados e apresentam propriedades eletrônicas semelhantes. Desta forma, este trabalho visa estudar os efeitos da exposição per os aguda, intermediária e crônica ao MeHg+ e a possível reversão dos efeitos deste xenobiótico após a interrupção da exposição em parâmetros comportamentais e bioquímicos da barata N. cinerea, assim como, o efeito isolado e da interação do MeHg+ e do VCH sobre o transcriptoma da mosca D. melanogaster, uma vez que estes compostos apresentam semelhanças nos seus mecanismos de toxicidade (afinidade por proteínas que contém –SH e –SeH). As baratas foram expostas a dietas contendo 0 (controle), 2,5, 25 e 100 μg de MeHg+/g de dieta por 10, 30 e 90 dias. Grupos adicionais de baratas foram alimentados com as mesmas doses de MeHg+ por 30 dias e depois foram submetidos a um período de desintoxicação por 60 dias. As ninfas expostas a 100 μg de MeHg+/g sucumbiram a uma alta taxa de mortalidade, juntamente com alterações bioquímicas (aumento da produção de espécies reativas de oxigênio e atividade da glutationa S-transferase, bem como diminuição da atividade da acetilcolinesterase) e alterações comportamentais. Observamos atraso na taxa de mortalidade e alterações comportamentais nas ninfas expostas a 100 μg de MeHg+/g por 30 dias e posteriormente submetidas a 60 dias de desintoxicação. Para avaliar o perfil transcricional da D. melanogaster foi realizado o sequenciamento de RNA de moscas expostas individual e concomitantemente a 1 mM de VCH e 200 μM de MeHg+ por três dias. O VCH desregulou 38 genes (dos quais a maioria estava super-expresso), enquanto o MeHg+ alterou 26 genes (14 genes sub-expressos). Já a coexposição do VCH + MeHg+ alterou 72 genes com maior número de genes sub-expressos. Estes resultados sugerem que, embora os compostos pudessem ter alguns alvos proteicos semelhantes, o perfil transcricional após exposições individuais e coexposição foi diferente. O conjunto de proteínas que contém –SH e –SeH foi prospectado e identicamos a tiorredoxina, glutarredoxina, glutationa S-transferase e glicose desidrogenase como alvos do VCH e/ou MeHg+. Em conjunto estes dados sugerem que o uso de insetos no estudo da toxicidade de compostos é relevante, sendo a D. melanogaster amplamente utilizada na pesquisa e a N. cinerea sendo validada como organismo experimental potencial para estudos translacionais. Indicamos também potenciais alvos do MeHg+ e VCH que podem ser potenciais biomarcadores de toxicidade precoce a estes xenobióticos.
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