Professores em formação inicial e a prática de análise linguística no contexto escolar: uma análise crítica de discursos
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Data
2021-05-10Primeiro membro da banca
Cabral, Sara Regina Scotta
Segundo membro da banca
Silva, Wagner Rodrigues
Metadata
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Esta pesquisa analisa criticamente os discursos de licenciandos do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa e suas respectivas literaturas da UFSM a fim de verificar em que medida ocorre, por parte dos participantes, a apropriação da abordagem de Prática de Análise Linguística (ANTUNES, 2014; BEZERRA; REINALDO, 2013; GERALDI, 2011; MENDONÇA, 2006; POSSENTI, 2011;
TRAVAGLIA, 2009; SILVA, 2011). Essa abordagem crítico-reflexiva, configura-se uma alternativa para o trabalho com o eixo de análise linguística em sala de aula, mas sendo relativamente recente na literatura da área, representa um desafio para professores que desejam incorporá-la a sua prática docente. O objetivo central desta pesquisa desdobra-se nos seguintes objetivos específicos: i) identificar os recursos léxico-gramaticais sob a ótica do sistema de transitividade empregados pelos futuros professores para abordar o eixo de análise linguística; ii) analisar as atividades didáticas elaboradas pelos participantes a fim de verificar em que medida se constituem atividades didáticas pelo viés da Prática de Análise Linguística; iii) sistematizar os discursos dos professores em formação, especialmente levando em consideração os seguintes questionamentos: a) o que é o estudo da gramática e por que a escola deve promovê-lo? e b) o que é e como promover a Prática de Análise Linguística? Embasam esta pesquisa a Análise Crítica de Discurso (FAIRCLOUGH, 2001; 2003; RESENDE, 2009; RESENDE; VIEIRA; 2016) como teoria de análise linguisticamente orientada dos dados e a Gramática Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014; GOUVEIA, 2009; FUZER; CABRAL, 2014), teoria de microanálise dos dados. De metodologia qualitativa, esta pesquisa vale-se do conceito de Recurso Rico em Significação (BARTON, 2004) para mapear os recursos léxico- gramaticais empregados pelos participantes para construírem seu(s) discurso(s) sobre a PAL. O corpus desta pesquisa é composto por questionários e entrevistas dinamizadas com os participantes, além de propostas de atividades didáticas pelo viés da PAL construídas pelos licenciandos. Nossa investigação constatou que os participantes, de maneira geral, recorrem à própria experiência discente para construir seu discurso sobre o trabalho com a gramática na escola, que é caracterizado como “enfadonho, chato, maçante” e como um processo em que há prestígio de classificações e nomeações improdutivas de elementos e conceitos léxico-gramaticais. Tanto os professores em formação dos Semestres Iniciais quanto os professores em formação dos Semestres Finais parecem contrapor a PAL ao trabalho que é tradicionalmente realizado com a gramática na escola básica. Para os participantes SI, o principal ganho proporcionado pela PAL é a reflexão sobre a língua que essa abordagem possibilita. Os participantes SF, muitas vezes dicotomizam PAL e estudo da gramática, de modo que, não necessariamente, a PAL pertenceria ao escopo do estudo da gramática. Embora reconheçam a pertinência e a necessidade de se abordar a Prática de Análise Linguística em sala de aula e apresentem propostas bastante reflexivas de atividades didáticas constituídas pelo viés da PAL, os participantes enfatizam em suas atividades consideravelmente o eixo de leitura e apresentam dificuldades para construir propostas pautadas em andaimes de aprendizagem. Em geral, falta às atividades contemplar processos cognitivos com níveis de complexidade avançada e articular satisfatoriamente atividades epilinguísticas e metalinguísticas.
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