Identidade movediça: os trilhos do samba na cidade cultura
Resumo
Santa Maria, município brasileiro localizado na região central do Rio Grande do Sul, é
reconhecido oficialmente como “Cidade Cultura”, desde 1968, por meio da lei
municipal n.º 1322/1968. Flôres (2007), registra a ocorrência de intensas atividades
culturais na cidade, impulsionadas, sobretudo, pela ferrovia. Nesse contexto, o samba,
registrado como patrimônio cultural imaterial do país, inicia sua jornada no Coração
do Rio Grande, no começo da década de 1930, desembarcando na estação
ferroviária, com militares vindos de diversas regiões brasileiras – que haviam sido
destacados para servir nos quartéis do município –, e difundido com a ajuda do rádio,
que, na época, teve importante incentivo governamental. Embora elementos da
cultura africana estejam presentes desde a origem da cidade, percebi, nesta pesquisa,
que o processo de aceitação dessa arte, no município, inicia somente no século XX,
a partir de 1930. Este estudo procurou identificar e retratar a trajetória do samba em
Santa Maria, bem como descrever minha vivência nessa dança. Para tanto, recorri à
pesquisa bibliográfica, documental, participativa e aplicação de um questionário junto
a personalidades locais. Observei que, desde sua chegada, o samba foi se
transformando, interagindo e moldando-se aos diferentes espaços onde ele se
expressa, o que me conduz a pensar em uma identidade movediça. Como resultado
desta pesquisa, elaborei uma produção audiovisual, denominada “Percurso”, que
procurou dialogar com o texto do trabalho, exibindo lugares associados ao cenário do
“samba santa-mariense”.