Agricultoras familiares: o conhecimento que brota na horta e a comercialização direta dos alimentos
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Data
2021-08-25Primeiro membro da banca
Guimarães, Gisele Martins
Segundo membro da banca
Breitenbach, Raquel
Metadata
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Esta pesquisa, de caráter qualitativo tem como objetivo identificar o que leva as mulheres a produzirem e comercializarem alimentos, verificando como as dimensões técnico-produtiva, econômica e sociocultural interferem nas suas escolhas. O estudo perpassou três fases: 1) Fase exploratória; 2) Trabalho de campo; 3) Análise e tratamento do material empírico. A coleta e categorização dos dados se deu de acordo com as dimensões da agroecologia e as questões norteadoras: técnico-produtiva (como acontece o processo de tomada de decisão quanto ao que será plantado, a forma como será plantado e quais alimentos serão comercializados), econômica (verificação se a produção e a feira possibilitaram autonomia com relação à renda), e sociocultural (dados sobre a escolaridade, identidade e tecnologia de informação e comunicação). Constatou-se que o principal aspecto que leva a comercializarem e produzirem alimentos é a preocupação com a saúde e a intenção em oferecer aos consumidores um alimento saudável. Isso embasa o fato de ter sido encontrada, respectivamente, predominância dos sistemas agroecológicos e orgânicos nos casos estudados. Quanto às formas de tomada de decisão, foi verificado um caso que tende para a forma autocrática, e oito casos em que as decisões têm caráter compartilhado. Sobre a participação econômica das mulheres na composição da renda familiar (a partir da inserção na feira), foi possível verificar que houve um incremento (embora de difícil mensuração, pois não foi possível obter registro desses dados). Todavia foi alegado que levou a uma melhora na condição de vida das agricultoras, possibilitando acesso a serviços e produtos, como internet e passeios em família. Entretanto, ficou evidente que a renda da feira é secundária em termos de composição de renda familiar, já que as aposentadorias são relevantes na maior parte dos casos. Cabe salientar, quanto à força de trabalho, a predominância da mão de obra familiar, com sobrecarga e acúmulo de tarefas no caso das mulheres. Quanto aos aspectos socioculturais e suas influências no processo de comercialização, pode-se perceber que a alimentação produzida já fazia parte da infância delas, o que mudou foi que a produção ora destinada à subsistência da família passou a ser comercializada. Assim, foi possível visualizar que o conhecimento popular está enraizado nestas mulheres e faz parte das decisões sobre o que, quando e como produzir. Quanto às formas de comunicação, que é por essência direta (devido à forma de comercialização face a face), chama à atenção a importância do uso do aplicativo WhatsApp e o fato de mais da metade das agricultoras mencionarem que utilizam os meios digitais para fazer anúncios. Todo o processo que acontece até chegar na feira compõe um ciclo, não há como separar o binômio produção/comercialização. As interconexões entre produção e comercialização direta, juntamente com as relações construídas entre as produtoras e as clientes são componentes fundamentais de um processo de aprendizagem recíproco. Aprende-se a produzir e a consumir um cardápio diversificado de alimentos, ou seja, aprende-se a plantar e a comer o colorido no prato.
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