Expressões contemporâneas do mal-estar na universidade: temporalidade e escritas da experiência
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Data
2020-04-17Primeiro membro da banca
Gurski, Roselene Ricachenevsky
Segundo membro da banca
Charczuk, Simone Bicca
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A presente pesquisa parte de inquietações referentes ao sofrimento psíquico no contexto universitário, produzidas a partir da experiência de escuta da pesquisadora enquanto psicóloga em instituições da rede federal de ensino. Neste sentido, tem como objetivo geral construir, a partir da escuta-flânerie, espaços-tempo de reflexão sobre as expressões contemporâneas do mal-estar na universidade. Em sua especificidade, objetiva problematizar a dimensão sociopolítica do sofrimento, suas expressões e formas de reconhecimento no território universitário; bem como refletir sobre os fenômenos sociais do nosso tempo, os processos de subjetivação e as estratégias de inscrição no laço social na contemporaneidade. Além disso, busca sustentar, a partir de suas produções, a criação de dispositivos de intervenção clínico-política que possibilitem a passagem da vivência à experiência. A abordagem metodológica define-se por uma pesquisa em psicanálise. O delineamento desse método sustenta-se na proposta ético-metodológica tecida por Gurski (2008; 2012; 2014; 2019), na qual se articulam o referencial e a escuta psicanalítica com as construções dos escritos de Benjamin sobre o tema da experiência e a posição do flanêur em Baudelaire. Os participantes da pesquisa - técnicos, docentes e discentes ligados às atividades e projetos em Psicologia Clínica e Escolar Educacional na universidade - construíram escritas da experiência. Também foram incluídos nesse estudo alguns fragmentos discursivos de expressões midiáticas em reportagens atuais de sites de notícias na internet, recolhidos como restos do discurso social acerca do tema. A travessia da pesquisa foi trilhada na busca por delimitar territórios da experiência, nas passagens por seus diferentes espaços e tempos. O primeiro território situa os operadores conceituais que amparam a construção da escrita. O segundo, trata do percurso ético-metodológico de pesquisa em psicanálise e da escrita enquanto uma experiência limiar. Por fim, o terceiro, é construído pelas narrativas da experiência na forma de ensaio. A problematização quanto aos efeitos dos discursos que organizam o laço social nas vivências universitárias encontrou tensionamentos sobre nossos modos de ser e de viver, modos de produção e de circulação dos afetos. Precipitados da experiência que decantam de narrativas diversas, significantes que constituem formas de nomear o mal-estar, de fazer registro e inscrição do que inquieta, do que produz sofrimento, nos limiares da escrita. O desamparo, a velocidade, a estagnação, a sobrevivência, o esgotamento, a indiferença, o silenciamento. A importância deste estudo se presentifica nos espaços e tempos de reflexão forjados e na intenção de articular a produção da pesquisa com as demandas no laço social contemporâneo, bem como pela sustentação que dará a construção de propostas de intervenção que valorizem a experiência compartilhada.
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