Impacto de mudanças climáticas sobre espécies vegetais endêmicas dos campos do Rio da Prata
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Date
2021-01-18Primeiro coorientador
Gutierrez, Eliecer E.
Primeiro membro da banca
Freitas, Cíntia Gomes de
Segundo membro da banca
Kampel, Silvana Amaral
Metadata
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Desde a Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, as atividades humanas aumentaram a
quantidade de carbono na atmosfera e passaram a influenciar significativamente no efeito estufa.
As altas concentrações de alguns gases como dióxido de carbono (CO2) influenciam diretamente
nesse sistema, colaborando para a aceleração do aquecimento global. Dessa forma, é importante
estudar os ecossistemas antes que se percam informações sobre a riqueza destes locais. Um dos
ambientes que vem sofrendo importante perda de área natural é o Bioma Pampa, que abrange
todo o Uruguai, o centro-leste da Argentina e o extremo sudeste do Paraguai, além da metade sul
do Rio Grande do Sul, Brasil, aqui tratado como Campos do Rio da Prata. Com essa perda de
habitat e tendência de mudanças climáticas, a sobrevivência de muitas espécies pode estar
comprometida. Neste sentido, um acompanhamento mais aprofundado deve ser dado às espécies
endêmicas desta região, e ferramentas de modelagem de nicho podem auxiliar neste
monitoramento. Foram selecionadas para este estudo espécies de plantas endêmicas dos Campos
do Rio da Prata, algumas ameaçadas de extinção. O objetivo do trabalho é identificar áreas de
estabilidade climática de longo prazo para grupos selecionados em endemismo de espécies
vegetais endêmicas dos Campos do Rio da Prata. Foram escolhidas doze espécies endêmicas de
diferentes famílias botânicas, sem problemas de delimitação conhecidos no nível específico, e
com no mínimo cinco pontos de ocorrência disponíveis, que são: Arachis burkartii Handro
(Fabaceae), Butia lallemantii Deble & Marchiori (Arecaceae), Cienfuegosia sulfurea (A. St.-Hil.)
Garcke (Malvaceae), Dyckia pampeana Büneker (Bromeliaceae), Echinopsis oxygona (Link)
Zucc. (Cactaceae), Eleocharis densicaespitosa R. Trevis. & Boldrini (Cyperaceae), Erianthecium
bulbosum Parodi (Poaceae), Hesperozygis ringens (Benth.) Epling (Lamiaceae), Lessingianthus
constrictus (Matzenb. & Mafiol.) Dematt. (Asteraceae), Paspalum modestum Mez. (Poaceae),
Senecio riograndensis Matzenb. (Asteraceae) e Trifolium argentinense Speg. (Fabaceae). Para
modelar distribuição de cada espécie em diferentes cenários de mudanças climáticas, foi realizado
um refinamento das coordenadas com localização bem descrita e em artigos científicos, e devida
conferência da identificação das espécies, totalizando 428 pontos. Os dados ambientais utilizados
consistem em 17 variáveis bioclimáticas do WorldClim que contêm valores de temperatura do ar
e precipitação. Os modelos foram calibrados para os dados ambientais: presente (Current) (1960–
1990), o mesmo para os seguintes períodos: Último Máximo Glacial (Last glacial maximum -
LGM) (120.000 a 140.000 anos atrás), o Holoceno (HOL) (cerca de 6.000 anos atrás) e Futuro –
2040 (CCSM 2,6°C) e 2080 (CCSM 8,5°C), utilizando o software Maxent 3.4.1. Para o mapa de
uso e cobertura do solo, foram feitas modificações e adaptações das coleções Projeto Pampa Sul-
Americano do Mapbiomas Coleção 1 (2021) e Mapa Anual de Cobertura e Uso do Solo No
Grande Chaco Americano Coleção 2 (2021), utilizando dados de 2000 a 2019. Conclui-se que
algumas espécies podem conseguir sobreviver com o aumento de temperatura, no entanto, é
incerto se suas relações com outros organismos se mantenham, e se conseguirá manter suas
populações saudáveis e prósperas. A atual conversão do campo natural em plantações de grãos e
silvicultura pode afetar nas mudanças climáticas e no potencial de distribuição, reduzindo o
estoque de carbono e a área de distribuição para as espécies.
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