A relação entre imaginário e engajamento na fenomenologia de J. P. Sartre
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Date
2022-02-11Primeiro membro da banca
Rossatto, Noeli Dutra
Segundo membro da banca
Sass, Simeão Donizeti
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Este trabalho tem por objetivo analisar a relação entre o imaginário e o engajamento na fenomenologia de Jean-Paul Sartre. Para isso, vamos começar elucidando o que é a consciência imaginante e qual é o seu modo de se relacionar com os objetos. Diferente da tradição filosófica Sartre entende que a imagem não é um objeto mental ou uma representação mental, mas sim que a imagem é um modo que a consciência tem de se relacionar com os objetos do mundo real. Porém esse modo difere do da percepção, onde observamos os objetos, na imaginação a gente quase-observa os objetos, pois eles se dão como se fossem observáveis, mas todo o seu conteúdo foi constituído pela consciência, não há nada para aprender com ele. Todo produto do imaginário é um irreal, um objeto que não possui as características básicas para ser real, e que aparece à consciência a partir da sua ausência ou inexistência. Então a consciência imaginante pode tomar um recuo em relação ao mundo para constituir o objeto irreal, sendo assim o imaginário é negação de mundo e fuga do ser-no-mundo. Todavia Sartre afirma que os escritores devem ser engajados, pelo menos os que fazem prosa. Veremos então como a literatura, por ser produto do imaginário, é negação de mundo, fuga, e também o único lugar possível para o engajamento se efetuar em sua totalidade. A literatura possui uma ambiguidade que faz parte de sua estrutura, por ser composta por palavras é ao mesmo tempo um irreal e um ato de desvelamento e comunicação. Isso ocorre porque o objeto estético que é a obra literária só existe enquanto for sustentado por um ato concreto da consciência imaginante chamado leitura. A leitura possibilita um encontro e reconhecimento de liberdades, do escritor e do público, além de conseguir trazer para o plano reflexivo o que foi escrito. Portanto mostraremos, a partir de uma análise minuciosa das obras sartreanas sobre esses assuntos, como a prosa pode, ao mesmo tempo, ser um irreal e ser engajada.
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