Pesquisa de Equus caballus papillomavirus-2 em carcinomas de células escamosas e papilomas genitais de equinos machos no Rio Grande do Sul, Brasil
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Data
2022-02-17Primeiro coorientador
Kommers, Glaucia Denise
Primeiro membro da banca
Masuda, Eduardo Kenji
Segundo membro da banca
Faccin, Tatiane Cargnin
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia maligna oriunda dos queratinócitos altamente prevalente em equinos, afetando frequentemente o pênis e prepúcio. Sua contrapartida benigna, o papiloma, também é comum na região genital, e pode ser induzida pela infecção por papilomavírus (PVs). Embora se saiba que os papilomas genitais de equinos podem ter uma origem viral, a etiologia dos CCEs genitais não está completamente elucidada. Recentemente foi detectada a presença de um novo PV, o papilomavírus Equus caballus tipo 2 (EcPV-2), em meio a CCEs genitais de equinos machos. Acredita-se, a partir disso, que possa existir uma associação entre a infecção por EcPV-2 e a gênese de alguns papilomas e CCEs genitais em equinos. Desde a sua descoberta em 2010, o EcPV-2 já foi descrito em diferentes países da América do Norte e Europa, no entanto, sem relatos no Brasil. Com base nisso, o objetivo desse trabalho é investigar o EcPV-2 em meio a CCEs e papilomas genitais de equinos machos brasileiros. Foram investigados 40 CCEs e papilomas acometendo pênis e/ou prepúcio recebidos na rotina de biópsias e necropsias do Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e na rotina de biópsias do setor de Patologia Veterinária (SPV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (2000-2021). Dados relacionados à raça e à idade foram retirados dos laudos histopatológicos. Os blocos de parafina foram recuperados para confecção de lâminas histológicas coradas com Hematoxilina e Eosina, de imuno-histoquímica (IHQ) para PV (40/40) e de reação de polimerase em cadeia (PCR) utilizando um par de primers específico para PV (40/40) e um par de primers específico para EcPV-2 (40/40). Casos positivos foram sequenciados. Dos casos incluídos, 34 eram CCEs invasivos, três eram carcinomas in situ (CIS) e três eram papilomas. A mediana de idade foi de 13,2 anos, e dos equinos com status reprodutivo informado, três eram garanhões e dois eram castrados. A raça Crioula foi a mais representada (16/40). Todos os tumores apresentaram graus variáveis de inflamação linfoplasmocítica, sendo que dois CCEs apresentaram invasão vascular linfática e dois apresentaram invasão sanguínea. Em meio aos carcinomas, ou na mucosa adjacente ao tumor, também se observaram coilócitos, os mesmos visualizados em todos os papilomas. Inclusões estavam ausentes em todos os casos. Na IHQ utilizando anticorpo anti-BPV-1, quatro casos (dois CCEs, um CIS e um papiloma) tiveram imunomarcação positiva, observada no núcleo de ceratinócitos neoplásicos (CIS e papiloma) ou no epitélio adjacente ao tumor (CCEs). A análise molecular revelou sete casos positivos para PV e cinco desses positivos para EcPV-2. Três casos positivos para EcPV-2 e dois casos positivos para PV e negativos para EcPV-2 foram sequenciados, sendo todos compatíveis com EcPV-2. A partir desses resultados, podemos confirmar a presença de EcPV-2 em equinos brasileiros. Espera-se que esse estudo venha a estimular novas pesquisas relacionadas a esse novo vírus, contribuindo, por fim, para o melhor conhecimento das formas de transmissão do vírus, e para o desenvolvimento de medidas preventivas eficazes.
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